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sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Santa Cruz de la Sierra, 17 de Janeiro de 2013.


Almoço no campo
Encontrei uma cidade para escrever meu livro. Samaipata. E um lugar para fazer minha viagem do autodescobrimento. O Forte de Samaipata.
Para uma descoberta tão importante, até que não viajei muito. Foram 130 km, para oeste de Santa Cruz. Em direção aos Andes, mas sem chegar nele. Subimos mais de 1000 metros, chegando a 2000msnm, em uma bela paisagem subtropical, com uma densa vegetação quase sobre pedra, indicando como a região é chuvosa. Durante parte da viagem costeamos um Parque Nacional bastante comentando por aqui, o Amboró.
Estrada de Santa Cruz à Samaipata
No meio da subida às vezes deparávamos com vales e cadeias de montanhas que se perdiam na distância. E é nesta paisagem, em uma das montanhas mais altas, que está o Forte Samaipata. Forte é como eles chamam este sítio arqueológico, patrimônio cultural da humanidade. Situado a uns dois mil metros de altura, o visual é lindo e o parque muito bem cuidado. O mais impressionante é uma pedra talhada, de uns 220 x 60m. Deixa eu tentar me explicar. São ruínas de uma cidade anterior aos espanhóis, provavelmente Inca, ou conquistada pelos Incas em algum momento. No meio desta cidade esta pedra enorme, uma espécie de centro cerimonial, onde eles foram desenhando seus símbolos, altares, lugares de rituais. Sempre talhando a pedra, e não construindo, trazendo pedras ou outros materiais, colocando coisa sobre coisa, como normalmente se fazia e ainda se faz. Diferente, tipo mais harmônico com o existente.
Local de cerimonia do Forte, esta é uma pedra monolítica, toda talhada
A mesma pedra, com estas espécies de altares. Talhados.
Hoje cedo recebi a notícia do falecimento de um amigo, e aproveitei o lugar para fazer minhas orações a ele. Difícil encontrar sítio mais adequado. Normalmente estes lugares tem uma energia boa, e este não é diferente, muito pelo contrário. Agradável, peaceful. Não é por nada que Samaipata significa “descanso nas alturas”. Lugar propício para descansar a alma, uma boa pedida para o momento. Meu e da humanidade. 
      Nesta mesma região estão os últimos lugares onde Che Guevara passou, tendo sido assassinado na quebrada del Churo. Existem passeios que refazem seus últimos momentos. E não muito longe tem umas Missões Jesuíticas, dizem que bastante conservadas. Mas não visitei nem um nem outro, vai ficar para a próxima.
A cidade é o que a Hebe chamaria de gracinha. Como almoçamos na casa de uma agricultora que visitamos no caminho, aproveitamos para tomar um café e comer uma sobremesa em um restaurante em frente à praça da cidade. Às duas da tarde o silencio era notável. Deu vontade de ficar uns dias por ali, usando o tempo entre passeios pela região e leituras na praça.
Vou dormir, amanhã é meu último dia nestas paragens. Quanto ao livro e ao autodescobrimento, fica para outra hora. Falta sabedoria para um e coragem para o outro.
Visual do Forte de Samaipata
Ruazinhas de Samaipata
Cozinha em uma casa de agricultores da região

6 comentários:

  1. Laercio,
    Muito muito legal!
    Que privilégio nós temos de trabalhar e ter esta oportunidade de descobrir o estes lugares!
    Saludos,
    Ana

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  2. Que esse ano seja cheio de tempo e de coragem, entao! =)
    Sempre bom ler sobre suas idas e vindas.
    Abraço,
    Flávia

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    1. Bom que vc gosta de ler minhas andanças. Veremos o que 2013 me reserva!

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  3. Laércio, fiquei muito feliz vendo esta página concretizada. Viajei contigo como caroneira "internautica"acompanhando tuas andaças pelo mundo nos teus relatos e diários e aprendi muito, conheci lugares incríveis,descobri costumes muito diferenciados,hábitos, gastronomia e a luta por um mundo sustentável, mais protegido, saudável e melhor germinando nos quatro cantos do planeta e, me diverti muito também. ParabénsA adorei a boa nova que bons ventos me trouxeram. Caminhando e Contando já era um sucesso , quando o escrevias informalmente, agora ninguém o segura. Um abraço carinhoso e com saudade dos bons tempos

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    1. Legal Claudette, que bom que você, e teu olhar exigente de poeta, gosta dos posts. Sim, verdade, você me acompanhou desde os primeiros relatos. Seguimos!

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