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sexta-feira, 9 de fevereiro de 2024

Guiné-Bissau, 8 e 9 de fevereiro de 2024,

 

Meus parceiros e parceiras da jornada da semana

Viajar nem sempre é agradável, mas é sempre, ou quase sempre, interessante. Minha semana aqui em Bissau está mais na conta do interessante que do agradável. O calor, o sol quente, a poeira flutuando no ar seco, a sujeira espalhada pelas ruas, o hotel precário, os mosquitos insistindo em me fazer companhia no quarto… agradável não é a palavra que me ocorre. Mas valeu, está valendo, conhecer e conversar com as pessoas locais, ver algo da agricultura por aqui, refletir sobre o viver, sentir como a vida pode ser pesada em alguns contextos, tocar algo da história na pele, ou nos olhos, vendo o que o imperialismo europeu fez neste continente e, melhor de tudo, ver e receber o sorriso que emerge mesmo em meio a dificuldades que eu classifico de extremas. São muitos planetas que coabitam nesse planeta, ver um tão diferente do meu é, sim, interessante.

EstrelaVermelha! (editado: o bar
chama-se "O Barril")

Na conta de agradável e interessante coloco a culinária local. Pratos simples, populares, ingredientes baratos e muito saborosos. Pontos de louvor para o Caldo de Mancara (feito à base de amendoim) e o Djambo.

Neste momento, estou escrevendo, sexta à noite, nesse bar da foto ao lado, o Estrela Vermelha, me disseram que o dono é russo, localizado em Bissau Velho, o decadente centro antigo da cidade. Por enquanto, não tem ninguém, ainda não são nem oito da noite. Me acompanha uma agradável sensação de dever cumprido, amendoim (mancara) e uma cervejinha portuguesa (não existe cerveja local). Temperatura a essa hora se põe simpática, e na mesa da calçada estou ouvindo música guineense que brota de uma caixa de som que emite também luzes… Interessante e agradável!

Quinta e sexta segui trabalhando. Ponto alto para a reunião com mulheres que são parte da “Cabas de Vida”, um grupo que produz e vende produtos ecológicos. Lindas e coloridas! Participei pouco, mais ouvi, a reunião foi toda em crioulo, o idioma mais falado por aqui, e eu só entendi as palavras portuguesas que se mesclam nesta mescla de idiomas nativos e língua dos colonizadores, que caracterizam os diferentes “crioulos” que existem por aí.

Mulheres da ´Cabá de Vida´

Já comentei que a minha tarefa principal aqui é colaborar no desenho de um Sistema Participativo de Garantia. Mas, na verdade, não acho que eles estão precisando de um… aliás, hoje, no final da apresentação que fiz, como resultado do meu trabalho desta semana, um participante me perguntou se aqui em Bissau eu vi a necessidade de um SPG. Fui obrigado a responder que não… completei dizendo que não via a necessidade, mas que considerava uma oportunidade. Dei as razões, que não vou detalhar aqui. Em momentos assim, em que sou contratado para fazer algo que a realidade local me mostra que não é exatamente necessário, busco entregar, além do pedido, algo mais. Foi o que fiz com uma oficina de elaboração de biofertilizantes e outros insumos que são importantes na produção agroecológica. Foi bem legal e acho que eles gostaram.

Caldo de Mancarra

O grosso do meu trabalho terminei hoje. Amanhã vou a uma feira de produtos agroecológicos e segunda de manhã temos reunião de avaliação da semana e projeção de iniciativas futuras. Terça, zarpo. Se no fim de semana rolar algo interessante, conto por aqui!

Agora, plena sexta-feira, que em alguns lugares é carnaval, a música local deu lugar para Sade, a local de todos os locais. Segue interessante e agradável.









A linda e boa onda Silvina,
animadora agroecológica

Cena urbana!


 

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