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quinta-feira, 15 de fevereiro de 2018

Nuremberg, 14 de fevereiro de 2018

Um dos inúmeros corredores da Biofach

Hoje foi dia de transitar na feira. Na minha conta é a décima segunda vez que venho na Biofach. O trabalho duro nos obriga a cada sacrifício... Este ano parece mais movimentada do que nos últimos e os números que tive acesso apontaram para uma área 12% maior do que ano passado de pavilhões ocupados, totalizando 30 mil metros quadrados de feira. Com o perdão da redundância, sempre repito o que vou repetir agora: esta feira enterra a costumeira pergunta: “mas dá para produzir tal ou qual cultura sem veneno?”. Acho que vou começar a responder esta pergunta sugerindo a quem a faz que visite a Biofach.
Maçãs - será que dá para produzir sem veneno?
Como de praxe, hoje, primeiro dia de Feira, deu-se a divulgação dos dados "O mundo da agricultura orgânica". Com certo clima de euforia pelo significativo crescimento de 2015 para 2016. Neste ano, cujos números tivemos acesso hoje, o mercado de produtos orgânicos movimentou noventa bilhões de dólares. Para quem não é da área devo dizer que este mercado, como todos, é movimentado por pessoas. A novidade é que são pessoas que, em sua maioria, são motivadas não apenas por sobreviver ou enriquecer. Quem trabalha com Agricultura Orgânica normalmente também possui um desejo de ver um mundo melhor. Com solos, águas, comidas e pessoas menos intoxicadas. Esta idiossincrasia justifica a euforia, para além das eventuais vantagens pessoais, em ver no mundo a ascensão desta forma de produzir e consumir alimentos. 
Julia Lernoud apresentando parte dos dados.
O crescimento do mercado é a resultante do crescimento da área e do número de produtores. Em 2015 eram 50,3 milhões de hectares cultivados organicamente. Em 2016, 57,8 milhões, um crescimento considerável de 15%. Impulsionado, como é comum, pelo crescimento da pecuária orgânica na Austrália, mas que também pode ser visto em países de menores dimensões mas não menos importantes como Itália e França, com suas áreas saltando respectivamente de 1,49 para 1,80 e de 1,32 para 1,54 milhões de hectares, apontando crescimentos significativos de 16 e 20%. No Brasil a área foi reportada como estagnada, em 750 mil hectares, mas sei que coletar estatísticas e números não é o que fazemos de melhor. Os cinco países com maiores áreas são Austrália (27,15 milhões de hectares), Argentina (3,01), China (2,28), EUA (2,03) e Espanha (2,02).
Presença forte dos Italianos na feira
Outro dado interessante sobre a área é que 1,2% da agropecuária do mundo é cultivada baixo as regras da Agricultura Orgânica. Se olhamos a Oceania este número sobre para 6,5% e na União Europeia chegamos a 6,7%.
Quanto ao número de produtores também ouve um importante crescimento. Em 2016 as estatísticas mostram que são 2,7 milhões de unidades orgânicas no mundo, 300 mil a mais do que no ano anterior. O país líder neste quesito outra vez é a Índia, com 835 mil produtores, seguido de Uganda (210.352), México (210.000), Etiópia (203.602 e Filipinas com 165.994). Na América Latina o Peru aparece em segundo lugar nesta estatística, com 92 mil produtores. Todos estes países caracterizam-se por uma agricultura orgânica praticada por agricultores familiares, diferente da Austrália, por exemplo, onde seus 27 milhões de hectares estão na mão de 2 mil produtores, uma impressionante média de 13,5 mil hectares por unidade produtiva. Querem comparar? Na Índia são 1,49 milhões de hectares, com uma média de 1,25 hectares por produtor.
Estandes do Brasil na Biofach
O Brasil foi reportado com apenas dez mil produtores. Este número é maior, mas outras vez espelha menos nossa realidade e mais nossa característica de dar pouca importância a coleta séria de dados. 
Enfim, é um mar de números, muito interessantes de serem analisados. Amanhã falo do tamanho dos diferentes mercados. Por enquanto vou registrar que sigo com a sensação que está chegando o momento dos números estatísticos da agricultura orgânica deixarem a marginalidade. 
Será mesmo que os millennials irão mudar a maneira como nos alimentamos? Mais uma esperança depositada nesta geração.


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