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quinta-feira, 22 de setembro de 2016

Lugo, 21 e 22 de setembro de 2016.


Ponte Romana, no caminho entre o hotel e o Congresso
Passei ontem e hoje entre apresentações no Congresso da SEAE - Sociedade Espanhola de Agricultura Ecológica e passeios a pé pela cidade de Lugo. Como já comentei, Lugo é uma cidade fundada pelos Romanos algumas décadas antes de Cristo. Na região já havia assentamentos Celtas, e esta presença ainda se faz visível em alguns pontos de interesse, em souvenires locais ou em casas da cidade ou da região. Li que a cidade/região tem uma tradição de mulheres que conhecem muito de ervas medicinais, e que na inquisição, não sei se apenas por esta característica, foram tratadas como bruxas. 
Na entrada de uma loja de artesanatos
A famosa frase "yo no creo en brujas, pero que las hay las hay" é uma variante en castelhano de uma frase Galega. Para quem não sabe ou não se lembra, a Espanha são várias, em vários sentidos, e um deles são as línguas faladas. No país Basco se fala basco, na Catalunha, catalão, em Valência, valenciano, aqui na Galícia, galego, uma língua muito próxima do português. Não por acaso a Galícia faz fronteira com Portugal.
Para ir ao Congresso desde o hotel, optei por caminhar. No percurso, de uns três km, encontrei um grupo de dez pessoas fazendo o Caminho de Santiago. Lugo é rota tanto do que eles chamam de caminho antigo quanto do caminho novo. Me explicaram que cada um ou cada grupo escolhe de onde vai sair em direção à Santiago de Compostela. Assim, o "caminho" tem a distância que o peregrino definir. Mas, para ganhar um diploma ou certificado de peregrino, devem ser percorridos no mínimo cem quilômetros. O grupo com o qual eu conversei decidiu caminhar 160 km em sete dias. Estavam encantados com a experiência. Tai um programa que eu gostaria de fazer! Claro, como tenho poucos pecados, e dos leves, e ainda acho este trem de se conhecer quase perigoso, quero ser um peregrino como os que encontrei: dormindo em hotel quatro estrelas e usando nike air!
O descanso do guerreiro...
No Congresso falei sobre "Agreocologia e Soberania Alimentar" e sobre "Circuitos curtos de comercialização para produtos ecológicos". Ouvi muita coisa interessante sobre o momento da Agricultura Ecológica na Espanha e na Europa, que segue crescendo. Mas não se trata de algo monolítico e sim um crescimento que ocorre em diferentes perspectivas. Por um lado empresas rurais, certificadas por um regulamento cada vez mais detalhado e que buscam espaço em mercados mais convencionais, como lojas especializadas ou supermercados. Por outro lado grupos locais de produção e consumo, buscando satisfazer suas necessidades de compra e venda em um ambiente mais saudável e colaborativo, tipo feiras ou entregas domiciliares. Entre um e outro, inúmeras experiências que buscam colocar em prática, em seus contextos específicos, o que interpretam como princípios da Agricultura Ecológica. Bonito de ver, ouvir, ruminar e digerir.
Amanhã saio daqui de carro, até Santiago de Compostela, onde vou de avião para Alicante e de lá ônibus para Villena, região de Valência, onde sábado tenho meu último compromisso. É relativamente longe, uns mil km, saio do noroeste para o sudeste do país.
Estou escrevendo aqui da praça principal, tomando um vinho com um tira gosto que veio junto, tipo oferta da casa. Sabem o que? Pão com ovo... Engraçado né? Mas tá muito bom! Fim de tarde agradável às 20:00hs, uma praça charmosa cheia de gente, vinho espanhol e pão com ovo... Acho que vou pedir outra dose!

Meu visual enquanto eu escrevia...


Praça animada - xadrez gigante!

Um comentário:

  1. Que bom Laércio. Você na Galiza...mágoa não saber antes para tentar organizar um encontro...um encontro científico ou gastronômico!!! Fico contento de que Você gostar da sua estadia em Lugo, uma cidade muito bonita cujo lema é ....”Para comer, Lugo”. Aguardo que o vinho que Você tomou fora da Ribeira Sacra, produzido nas encostas dos Rios Sil e Minho. Estivem no Brasil, no RGS, no Junho e muitas vezes teve que contar que era o galego....na verdade, o galego é o Pai, ou a Mãe, do português e do brasileiro...uma história muito longa, e bastante triste, que só poderia contar com um copo do bom vinho galego, branco ou tinto. Abraços.

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