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quinta-feira, 12 de dezembro de 2013

Paraguay, 09, 10 e 11 de dezembro de 2013.

Ritual Guarani de benção das sementes
Este ano este Blog andou devagar... foi um ano de muitas viagens dentro do país, mas poucas fora. E como o que me dispus foi escrever minha memória das viagens internacionais ficou assim. Mas fico com saudades de escrever, tenho que buscar outro motivo.
Cheguei aqui em Coronel Oviedo, 150 km de Assunção, anteontem às nove da noite. Não é a primeira vez que venho aqui nesta cidade e neste local. Exatamente um ano atrás estive aqui, e esta foi a única vez que viajei para o exterior e não relatei desde que comecei este Blog. Como se dizia nos anos 70, eu “estava mal de cabeça”, nem que quisesse conseguiria escrever. Que bom que a vida me trouxe aqui de volta, para me mostrar mais uma vez que tudo passa! Sim, tudo passa.
Conversando no campo
Estou aqui no Paraguai para diferentes atividades de trabalho, contratado por uma Central de Cooperativas apoiada por uma ONG Sueca, We Effect! Estão sendo palestras, visitas a propriedades rurais, mini-cursos. Sempre ligado à agroecologia, certificação participativa, mercados locais.
Ontem a atividade foi um mini-curso de 5 horas, pela manhã até o início da tarde. Os participantes eram em torno de 30, técnicos ligados a pequenas cooperativas e dirigentes campesinos, para usar uma expressão local. A conversa girou em torno de como construir a transição agroecológica. Conversamos sobre basear esta transição em um tripé. Construção concreta de referências de produção e comercialização, formulação teórica e/ou de propostas baseadas nestas experiências e incidir junto ao estado por políticas públicas baseadas nestas práticas e reflexões.
Visitando as lavouras, propriedade do Vidal Toledo
Terminou cedo, ainda tive tempo dar uma volta pela cidade. Estas cidades do interior do Paraguai não costumam ser muito bonitas. E Coronel Oviedo não foge à regra. Mas sempre é possível comer uma chipa, andar nas ruas ouvindo guarani, o que eu acho demais, e vislumbrar bonitas paisagens naturais ao redor das cidades ou pelas estradas.
De noite, um vinho chileno, com amigos paraguaios, um espanhol e uma sueca. Quase uma reunião da FAO.
Hoje pela manhã fiz o que mais gosto, visitamos uma propriedade, da família do Vidal Toledo, na comunidade Pozo 5 de Carayao. Visita tranquila, junto com alguns membros da comunidade, tivemos bons papos sobre a realidade deles, fomos vendo e conversando sobre os cultivos. Encerramos com um almoço local, ali mesmo na finca
Nome deste almoço: "mais chique impossível!"

De tarde uma reunião com a Prefeita e lideranças de uma pequena cidade da região. Sobre como um município pode apoiar iniciativas de cunho agroecológico.
E agora de noite, um bom programa. Uma feira de troca de sementes locais. Normal, sempre ocorrem, mas a de hoje com uma benção das sementes muito interessante de ver. Primeiro um Padre deu sua benção, uma mini-missa, em Guarani. Missa em Guarani. Dá para ficar pensando o que aconteceu por aqui nestes últimos anos. Digo nos últimos 500 anos. Depois do Padre, a benção Guarani, ou talvez seja mais preciso dizer um ritual Guarani. Três pajés ficaram dançando, parados e ritmados, tocando um tipo de chocalho e cantando uma espécie de mantra. E, um por vez, passavam dançando, cantando e sobrepondo as mãos nas bancas de sementes. Atrás deles três mulheres, uma bem mais velha, ficavam secundando os cantos, batendo um tronco de bambu no chão e fazendo o back vocal. Muito interessante, demoradinho, tudo ao seu tempo. Só a parte Guarani durou uns 90 minutos.
Amanhã e depois, se entendi bem, sigo visitando famílias agricultoras. Depois conto.
Exposição de sementes locais.

Um comentário:

  1. Que bom que vc voltou a escrever!

    Achei ótimo o agricultor paraguaio-guarani na feira de sementes falando no celular! Sei que é óbvio, mas pra mim não deixa de ser ainda interessante esta mescla!

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