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quinta-feira, 2 de outubro de 2025

Bogotá, 30 de setembro e 01 de outubro de 2025.

Plaza Bolivar

Chegamos em Bogotá ontem, terça-feira, dia 30 de setembro, ao meio dia! Viemos a puro passeio, algo que está migrando de adjetivo. Era raro, parece que quer virar frequente.

Estive aqui duas vezes. Uma em 1998, outra em 2011. O que não quer dizer que conheço…

Aspecto de "La Candelaria"

Do aeroporto fomos para nosso hotel, o Masaya Collection, de Didi, aplicativo de transporte muito usado em vários países como alternativa ao Uber. Chegamos no hotel, muito bom por sinal, no bairro La Candelária, por volta das duas da tarde, em tempo de começar nosso tour, orientado por três recordações de Bogotá que gostaria de aquecer.

A primeira, justamente rever o bairro La Candelária. O mais antigo da cidade, onde ainda existem vestígios da sua fundação, há quase 500 anos. Casario colorido, antigo, bem conservado, com suas características portas e janelas, algumas com varandas de madeira, daquelas fechadas, muito típicas da Europa do Norte. Muita gente, bares, restaurantes, comidas de rua, vendedores de artesanatos, elixires, pomadas, igrejas (o Santuário da Nossa Senhora de Carmen é lindo), praças. A principal, a Praça Bolivar, estilo seca, que é o local onde os pombos surgiram, abriga os poderes constituídos, incluindo o religioso, e concentra boa parte dos transeuntes.

Sentar com os braços abraçando os 
joelhos, formando uma cesta, significa se 
colocar em condições de receber a sabedoria

A segunda recordação que estava na lista para ser reanimada era o Museu do Ouro. Lindo! A história do ouro se confunde com a história do nosso continente, e o museu nos mostra isso, com peças ornamentais ou usadas em cerimônias, forjadas a ouro desde dez mil anos atrás. Além de ver as peças, as informações nos fazem refletir sobre porque esse metal tem sido objeto de desejo que movimenta tanta gente, por tantos lados, por tanto tempo, de tantas formas diferentes – mais ou menos nobres.

Lembro de ter lido um diálogo que foi supostamente travado entre Hernán Cortes, o cruel invasor espanhol e Montezuma, líder maior dos Astecas. O indígena teria perguntado por que os espanhóis amavam tanto o ouro. A resposta, entre a mentira e a metáfora, uma ou outra com forte carga simbólica, foi precisa: porque temos uma doença no coração que só o ouro pode curar. 

No Museu pude aprender que uma das razões do fascínio pelo ouro é a sua imutabilidade. Permanece igual, sempre. Não pude deixar de recordar dos alquimistas, da busca do elixir da eterna juventude e da fórmula para transformar outros metais em ouro. A imutabilidade do ouro remete, não sei se é muita viagem minha, a esse eterno medo da morte, a este intimo desejo de ser imortal. A posse do ouro, de alguma forma, nos aproxima da eternidade. Quem sabe a doença a qual Cortes se referiu é a taquicardia causada pela percepção da finitude das nossas vidas.

Li no museu outra razão das culturas antigas festejarem tanto o ouro:

Bandejas para alucinógenos

ele simboliza as forças fertilizadoras do sol. Achei demais! Demais mesmo! É que essa ideia da força fertilizadora do sol se coaduna com minha conclusão após quarenta anos como agrônomo e agroecólogo: agricultura é o cultivo do sol, e a fotossíntese o milagre original. Nada de novo no front, só estou repetindo o que todo mundo sabe, ainda que a agronomia contemporânea parece ter se esquecido que sabe. 

Tem uma sala no museu do ouro, a Sala Oferenda, que é um espetáculo à parte. Nela tem uma parede côncava, de uns dez metros, com muitos objetos de ouro dispostos atrás de um grande vidro. No meio da sala, um poço, também de vidro, com peças colocadas em diferentes profundidades. De tantos em tantos minutos começa o espetáculo: uma dança…  Pelo menos eu vi uma linda coreografia, feita pelos objetos parados. O movimento, ou a sensação de movimenyo,se dá pelo jogo de luzes e sons que ocupa o espaço. Incrível!

O último lugar que eu tinha muita vontade de ver era o Museu de Botero. Último e mais importante. Ana também queria conhecer Bogotá, mas seu objetivo principal era ver Botero. 

Adoro...

 A expectativa dos dois era alta, e ainda assim fomos positivamente surpreendidos. Demais demais demais. Suas formas arredondas são sedutoras e simpáticas, mas sua arte se expressa também nos símbolos percebidos em seus quadros e esculturas. Não vou falar muito sobre, mas prometo postar várias fotos no fim do texto. Além das obras de Botero, algumas salas têm obras de vários e conhecido pintores, como Renoir, Degas ou Picasso. Todas doadas por Botero, que assim o fez impondo a condição que o Museu fosse gratuito. Ave, Botero!

Que mais fizemos em um dia e meio? Fomos no Mercado Paloquemao, ver a produção local, uma espécie de programa obrigatório para nós dois, tanto quando viajamos sozinhos como quando viajamos juntos. Belo mercado, vale a visita! 

Fomos duas vezes a uma cafeteria que adoramos, a DV Cafés especiais. 

Nos dois fins de tarde que passamos por aqui fomos a Praça Chorro Quevedo, ao lado do nosso hotel, tomar meia jarra de chicha. O que é chicha? Um fermentado de milho, entenda como um ancestral andino da cerveja. Ali ficamos vendo o dia sair de cena, falando da vida e vendo o povo passar prá lá e prá cá! E escrevendo! Bem bom.

Quero ainda mencionar os grafites em Bogotá. Muitos, espalhados por muitos cantos. De todos os tamanhos. Adoramos, embeleza a cidade e coloca no ar uma atmosfera contemporânea. Uma onda! 

Acho que é isso que vou contar de Bogotá. Amanhã, partiu Cartagena. De lá, conto mais!

Gabo!

L
Lendo Gabo!

Santuário N S do Carmo

Batatas no Mercado Paloquemao











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