Pesquisar este blog

quinta-feira, 13 de dezembro de 2018

Riobamba, Equador, 11, 12 e 13 de dezembro de 2018.

Cerimônia Quechua, de louvor à Pachamama (mãe terra),
no início do evento.

Estou em Riobamba, capital da província de Chimborazo, na região da serra central do Equador. Vim para uma semana de trabalho, no marco da V Jornada de Agroecologia. Uma semana de palestras e cursos sobre este assunto que move minha vida há mais de trinta anos. Sempre um prazer.
Ruas e casas de Riobamba
Riobamba é uma cidade que merece o adjetivo de simpática. Um centro comercial muito agradável, onde podemos passar entre restaurantes, cafés, sorveterias, praças e pequenos comércios. Está a quase três mil metros de altura, o que já nos provoca alterações fisiológicas, como cansaço, algum mal estar e dor de cabeça. Compensados totalmente pela bela paisagem dos páramos andinos que circundam a cidade. E, como guardião da paisagem, e dos seres que a habitam, o Chimborazo, um vulcão inativo, que no alto dos seus mais de seis mil metros de altura domina, com absoluta elegância, o ambiente. Visitei-o uma vez e me prometeram um reencontro para sábado próximo, meu dia livre por aqui. Espero que se confirme. Prometo fotos.
Casa colonial
Cheguei na segunda dia 10, tarde da noite, e passei terça, quarta e quinta fechado em salas e auditórios. O pouco tempo que tive aproveitei para ver um pouco das suas praças, são muitas, e entre uma e outra caminhar por ruas com sua vistosa arquitetura colonial, que consiste em casas construídas pelos colonizadores espanhóis, que por sua vez remontam aos árabes, senhores de boa parte da atual Espanha por quase cinco séculos. Entrei em duas destas casas, uma abriga hoje um museu, outra um restaurante. Portas em arco, pé direito alto, dois andares, um lindo pátio interno normalmente florido e cercado por refrescante varanda. Afinal, faz calor lá pelos lados das arábias... No lado externo, varandas, no segundo andar, ornadas de vasos floridos.
 Mas, como eu dizia, nestes três dias trabalhei muito e conheci pouco. Aqui no Equador, como em todas partes, se nota um interesse crescente pela agroecologia, ou Agricultura Ecológica. Vou contar aqui três coisas que falei nas minhas palestras. Para os agricultores contei que Agricultura Ecológica é um ato de amor. 
Auditório principal da Universidade de
Chimborazo, local do evento terça e quarta.
Expliquei que muitas vezes não usamos esta palavra, mas tratar o solo com carinho e respeito, fornecendo a ele, e consequentemente às plantas, sua alimentação preferida, a matéria orgânica, é um ato de amor. Contei que muitos dos ditos cientistas têm chegado à conclusão que a vida no planeta se impôs através de atos amorosos, como a simbiose, onde dois seres vivos se juntam para se beneficiarem mutuamente, e não pela competição. Adoro falar isto, explico com calma, e curto muito a receptividade desta prosa com eles.
No segundo dia, mais para os técnicos, falei da fotossíntese como o elemento mais importante para uma boa prática na agricultura. Fotossíntese é um fenômeno, capitaneado, de produção de massa verde, flores e frutos a partir da energia do sol e de elementos inorgânicos da água e do ar. A vida no planeta só existe por causa deste milagre da natureza. Em tom de semi-piada, chamei a fotossíntese de milagre original, lhes disse que a fotossíntese pode ser vista como a mãe de todos os milagres!
Evento com estudantes, na faculdade de
agronomia
Para os estudantes, com quem trabalhei hoje, contei, entre outras coisas, sobre a compra, ano passado, da Whole Foods pela Amazon. Expliquei que a Amazon é uma das gigantes de informação do mundo. Que, assim como o Facebook e o Google,  sabe sobre nós o que nós mesmos não sabemos. E que a Whole Foods é a maior cadeia de supermercados de produtos orgânicos do mundo, com presença forte na América do Norte. Perguntei porque uma empresa que é uma gigante da informação, que sabe tudo sobre nossos gostos e interesses, faz sua maior inserção no mundo físico, 13,7 bilhão de dólares, para comprar uma cadeia de comidas orgânicas. Será que ela sabe que os millennials querem se alimentar de uma maneira diferente do que os seus pais?
Enfim, como não tenho muito do que falar de Riobamba, porque ainda a vi pouco, deixo por hoje apenas estas reflexões que compartilhei nestes dias de trabalho. Quem me acompanha sabe que curto muito fazer o que faço, estes dias aqui não tem sido diferente. Agora, em um momento relax, acabo de escrever este post em um bom café, o Café Express, na esquina da praça da estação. Sábado, se me inspiro, escrevo sobre minha ida ao interior da província e ao Chimborazo!

Um comentário:

  1. Amei! Texto leve, nos dá a nítida sensação de estar la...ter vivenciado junto. Escreves lindamente. Bjo

    ResponderExcluir