Entregando uma cópia do meu livro para estudantes de
agronomia de Moçambique!
Aqui em Maputo, capital de Moçambique, pela
quarta vez. Cheguei ontem, no fim da tarde, depois de mais de trinta horas de
viagem. O mundo é grande!
Cheguei ontem e hoje já fui ao campo. Boa
atividade para o primeiro dia de trabalho, porque minha responsabilidade era
pequena, apenas uns 30 minutos de prosa com agricultoras e técnicos locais, no
campo mesmo. Mas pude rever as machambas, como eles denominam as áreas
produtivas aqui, e ver algo da agricultura urbana e periurbana de Maputo. Revi
pessoas com quem trabalhei das outras vezes e locais onde já estive. Muito
legal, foi como rever um lugar já velho conhecido.Composto e vermicomposto
em áreas periurbanas
A novidade? A novidade tem cara de coisa antiga:
as mudanças no clima! Recentemente, Maputo foi assolado por um tornado que
levantou a baía, encheu rios e inundou casas. Nada de novo no front… aliás, a
analogia com o famoso livro tem sentido, porque estamos mesmo em uma espécie de
guerra, em mais de um sentido. Primeiro, porque optamos por dominar a natureza,
ao invés de conviver harmoniosamente com ela. Toda ação traz sua consequente
reação. Segundo, porque essas situações climáticas exigem uma mobilização tão
intensa da sociedade que se assemelha mesmo a períodos de guerra. Enfim, por
onde ando, esse é o quinto país que visito esse ano, só ouço falar em mudanças
no clima.
Depois do campo, aproveitei a última hora do dia
para andar pelo centro da cidade, onde está o meu hotel (Tivoli). Comecei
tomando um expresso em uma pequena cafeteria. Segui até o mercado municipal,
onde conversei com algumas vendedoras. Depois, fui ver capulanas (os lindos
tecidos com motivos africanos), característica mor de Maputo, juntamente com
suas mulheres! Elas, mulheres e capulanas, colorem a cidade, pondo cores mesmo
nos lugares mais cinzentos! Fui na Casa Elefante e na Casa Pandía. Comprei apenas
três, nesta última. Recomendo muito, caso você passe por aqui. Mulheres e suas capulanas
Agora, entardecer, passei no restaurante Djambo,
tomando um chopp antes de vir ao Galaxi, o restaurante indiano que já conheço e
estou muito a fim de rever.
Gostosa a sensação de estar outra vez em Maputo.
Sentir-se em casa em uma cidade tão distante e diferente é meio doido, mas
foram esses os caminhos pelo qual a vida me levou.
Aliás, falando da vida, hoje, no carro, um
companheiro de trabalho começou a falar de Mia Couto que, como você sabe, é
moçambicano. Segundo ele, Mia Couto diz que a vida é uma série de eventos
caóticos, que vai chegando e temos que ir lidando com eles, ordenando,
ajustando, dando um sentido ao nosso cotidiano. Exemplo que ele deu: “o filho
não chegou em casa, o gás acabou, amanhã tenho que viajar, meu chefe brigou
comigo, o salário é baixo...”.E temos que receber tudo isso e dar uma espécie
de ordem, de lógica, sob pena de enlouquecer.
Ouvi e lembrei que uma das imagens que tenho da
vida é de um tipo de luta marcial. Levamos um monte de pancada, meio
aleatórias, vamos nos defendendo, administrando, escapando, fazendo da nossa
defesa a maior diversão possível, ou vendo algo de agradável nela. E as vezes,
só as vezes, damos um golpe bem dado e ficamos com sensação de vencedor. Um
segundo depois, já estamos levando porrada de novo… rsrsrs…
Qual metáfora se adequa melhor? Você tem alguma
opinião?
Me despeço por hoje com essa reflexão caótica-
marcial-filosófica sobre a vida. Ou, mais precisamente, sobre o viver!
Fico em Moçambique doze dias, vou contando por
aqui!
Mais do que eu mais gosto! Mercado Público de Maputo
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Mercado Público de Maputo |
Legal a interpretação da vida de Mia Couto . Mande um abraço aos moçambicanos. Abraços !
ResponderExcluirExcelente como sempre … e está ficando cada vez melhor
ResponderExcluirObrigado pela partilha caro poeta !
ResponderExcluirObrigado pela partilha caro poeta!!!
ResponderExcluirContribuição valiosa, Experiência inesquecível
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