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quarta-feira, 12 de junho de 2024

Maputo, 12 de junho de 2024.

Entregando uma cópia do meu livro para estudantes de
agronomia de Moçambique!

Aqui em Maputo, capital de Moçambique, pela quarta vez. Cheguei ontem, no fim da tarde, depois de mais de trinta horas de viagem. O mundo é grande!

Composto e vermicomposto
em áreas periurbanas
Cheguei ontem e hoje já fui ao campo. Boa atividade para o primeiro dia de trabalho, porque minha responsabilidade era pequena, apenas uns 30 minutos de prosa com agricultoras e técnicos locais, no campo mesmo. Mas pude rever as machambas, como eles denominam as áreas produtivas aqui, e ver algo da agricultura urbana e periurbana de Maputo. Revi pessoas com quem trabalhei das outras vezes e locais onde já estive. Muito legal, foi como rever um lugar já velho conhecido.

A novidade? A novidade tem cara de coisa antiga: as mudanças no clima! Recentemente, Maputo foi assolado por um tornado que levantou a baía, encheu rios e inundou casas. Nada de novo no front… aliás, a analogia com o famoso livro tem sentido, porque estamos mesmo em uma espécie de guerra, em mais de um sentido. Primeiro, porque optamos por dominar a natureza, ao invés de conviver harmoniosamente com ela. Toda ação traz sua consequente reação. Segundo, porque essas situações climáticas exigem uma mobilização tão intensa da sociedade que se assemelha mesmo a períodos de guerra. Enfim, por onde ando, esse é o quinto país que visito esse ano, só ouço falar em mudanças no clima.

Depois do campo, aproveitei a última hora do dia para andar pelo centro da cidade, onde está o meu hotel (Tivoli). Comecei tomando um expresso em uma pequena cafeteria. Segui até o mercado municipal, onde conversei com algumas vendedoras. Depois, fui ver capulanas (os lindos tecidos com motivos africanos), característica mor de Maputo, juntamente com suas mulheres! Elas, mulheres e capulanas, colorem a cidade, pondo cores mesmo nos lugares mais cinzentos! Fui na Casa Elefante e na Casa Pandía. Comprei apenas três, nesta última. Recomendo muito, caso você passe por aqui. 

Mulheres e suas capulanas

Agora, entardecer, passei no restaurante Djambo, tomando um chopp antes de vir ao Galaxi, o restaurante indiano que já conheço e estou muito a fim de rever.

Gostosa a sensação de estar outra vez em Maputo. Sentir-se em casa em uma cidade tão distante e diferente é meio doido, mas foram esses os caminhos pelo qual a vida me levou.

Aliás, falando da vida, hoje, no carro, um companheiro de trabalho começou a falar de Mia Couto que, como você sabe, é moçambicano. Segundo ele, Mia Couto diz que a vida é uma série de eventos caóticos, que vai chegando e temos que ir lidando com eles, ordenando, ajustando, dando um sentido ao nosso cotidiano. Exemplo que ele deu: “o filho não chegou em casa, o gás acabou, amanhã tenho que viajar, meu chefe brigou comigo, o salário é baixo...”.E temos que receber tudo isso e dar uma espécie de ordem, de lógica, sob pena de enlouquecer.

Ouvi e lembrei que uma das imagens que tenho da vida é de um tipo de luta marcial. Levamos um monte de pancada, meio aleatórias, vamos nos defendendo, administrando, escapando, fazendo da nossa defesa a maior diversão possível, ou vendo algo de agradável nela. E as vezes, só as vezes, damos um golpe bem dado e ficamos com sensação de vencedor. Um segundo depois, já estamos levando porrada de novo… rsrsrs…

Qual metáfora se adequa melhor? Você tem alguma opinião?

Me despeço por hoje com essa reflexão caótica- marcial-filosófica sobre a vida. Ou, mais precisamente, sobre o viver!

Fico em Moçambique doze dias, vou contando por aqui!



Machambas de Maputo


Mais do que eu mais gosto!


Mercado Público de Maputo


Mercado Público de Maputo


5 comentários:

  1. Legal a interpretação da vida de Mia Couto . Mande um abraço aos moçambicanos. Abraços !

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  2. Excelente como sempre … e está ficando cada vez melhor

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  3. Obrigado pela partilha caro poeta !

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  4. Obrigado pela partilha caro poeta!!!

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  5. Contribuição valiosa, Experiência inesquecível

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