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quinta-feira, 27 de março de 2025

Chiloé, Puerto Varas e Frutillar - 24 a 27 de março de 2025.

Vulcão Osorno

Saímos de Chiloé na segunda-feira, dia 24. A ida até o porto, para pegar o ferry de volta foi pelo caminho mais longo, costeiro, com linda paisagens e passando por Quemchi, um pequeno povoado costeiro muito simpático. Pertinho do povoado está a “ilha das almas navegantes”, aonde podemos chegar por uma ponte de madeira, de uns 500 metros de comprimento. Muito bonitinha a ilha. 

Ponte até e ilha das almas
navegantes

O simpático nome da ilha foi dado por Francisco Coloante, reconhecido escritor e filho da terra. Como nessa pequena ilha tem um cemitério, e Coloante via na geografia da ilha o formato de um barco, imagino que foi fácil para sua alma de poeta visualizar a cena e definir o nome: Ilha das Almas Navegantes.

Depois da ilha e de uma voltinha por Quinche, onde caminhamos pela orla e entramos na sua simpática igreja, fomos para o ferry. Aliás, as igrejas são uma história à parte em Chiloé, vale a pena ler sobre isso e visita-las se você tomar a sábia decisão de visitar a ilha que, não por acaso, tem a alcunha de mágica!

Andar de ferry é sempre bonito, ficamos ali, comendo algumas guloseimas e vendo o visual, até o vento frio nos convidar a voltar para os carros.

No fim da tarde, chegamos na linda casa à beira no lago Llanquihue, em Puerto Varas. Passamos a noite por ali, entre conversas, vinhos, comidinhas e jantar. Realmente, viajar com filhos e noras está sendo um prazer à parte!

No primeiro dia em Puerto Varas, nos esperava um surpreendente dia de sol e, principalmente, calor. 

Saltos de Petrohue e Osorno

Depois do lento café da manhã, saímos com três objetivos, os três cumpridos. No Parque Nacional Vicente Pérez Rosales, visitamos os lindíssimos Saltos de Petrohue e o Lago de Todos os Santos, de onde pode-se pegar uma embarcação e fazer, entre águas e terras, a travessia até Bariloche. Fica para uma próxima, leva doze horas e fama é de ser uma beleza única. O terceiro objetivo, mais nobre impossível, era ver o Vulcão Osorno. Terceira vez que o vejo, segunda que chego até mais perto, nunca decepciona, sempre impacta. Sempre ouço as pessoas comentarem que mirar as estrelas e o infinito do universo nos dá uma dimensão da nossa pequenez. Vero, não tenho como discordar, mas tenho essa sensação amis forte quando visito vulcões, extintos ou em atividade. Para mim, é sempre muito impactante e reflexivo. Com o Osorno, em um dia de céu azul e com ele se exibindo em sua plenitude, não foi diferente.  Não vou descrever muito mais, mas vou deixar algumas fotos aqui!

Ontem foi dia de visitar Puerto Varas, andar pela orla e ver lojinhas. A galera seguiu para Puerto Montt, onde viram o mercado de peixes e almoçaram por lá mesmo. Eu fiquei em casa, aproveitando a paz, o silêncio e o visual. A ideia inicial era ler e escrever mas, no fim, acabei dormindo…

Hoje, último dia no Sul do Chile, com um detalhe a mais: Helena fazendo aniversário. Ontem nos reunimos para uma prece de agradecimento pela viagem e aproveitamos para contar a ela detalhes do dia do seu nascimento… lá se vão 36 anos… difícil não repetir o quase bordão sobre o tempo: passa, o tempo passa, e passa muito rápido.

Hoje, cedo, a festa de aniver dela estava pronta, com bolo, presentinhos, decoração de festa e parabéns para você em diferentes línguas! Tudo como tem que ser!

Como programação do dia, fomos passear em Frutillar, cidade também à beira do lago, também de colonização alemã, muito bonitinha, menor a mais aconchegante que Puerto Varas. Passeamos à beira-lago, tomamos café, compramos coisinhas e regressamos no meio da tarde, fazendo um pit stop em Puerto Varas para passear mais um pouco e comprar algo para o jantar. Hoje sim, pude desfrutar um pouco do longo entardecer, lendo e escrevendo um pouco. O sol por aqui, nesta época, surge às oito da manhã e começa a se despedir, lentamente, pouco antes das oito da noite!

Que estância esses dias em Puerto Varas, que beleza de lugar. Esse canto, Sul do Chile, é sim dos mais bonitos do planeta.

Amanhã vamos para Santiago, temos dois dias lá, domingo regressaremos às nossas casas.

Lago de Todos os Santos

Igreja da Ilha das Almas Navegantes

Puerto Varas

Frutillar e seu Teatro do Lago

Festinha da Helena pronta!

Visual desde a casa que
alugamos em Puerto Varas

Osorno e o espetáculo!

Galerinha do lago de todos os
santos

Again...

Daneira  na travessia de ferry.

Igreja de Quemchi

segunda-feira, 24 de março de 2025

Ilha de Chiloé, 22 e 23 de março de 2025.

Depois que andamos por duas horas, ida e 
volta, até o molhe das almas

Viagem de família - da forma que decidimos fazer, inédita. Eu, Ana, os quatro filhos, Mariana e Thuany. Destino: sul do Chile e Santiago. Primeira parada: Ancud, cidade que nos esperava na Ilha de Chiloé, onde chegamos de ferry boat. Pegamos o ferry em Pargua, uma hora distante do aeroporto de Puerto Montt, e atravessamos por 40 minutos o canal Chacao. Visual lindo, navegar é sempre belo, mas lindo mesmo foi ver essa galerinha junta, conversando, rindo e brincando.

Casa en Ancud

Paramos o carro em Ancud, andamos pelas suas ruas, apreciando a arquitetura típica da ilha, denominada de “chilota”. Realmente chama a atenção, com suas casas de madeira construídas com uma técnica trazida da habilidade dos locais com a madeira e com a confecção de barcos. 

Chilota é um povo que emerge do encontro dos europeus e indígenas, que acharam sua identidade vivendo sob boa dose de isolamento geográfico e administrativo.

Além de apreciar a arquitetura, fomos ver a feira municipal e almoçamos ali mesmo, em um dos restaurantes que ficam no andar superior e que preparam os peixes vendidos no mercado. Fomos de ceviches e peixe com batatas fritas. Merluza. Uma espécie diferente, chamada de merluza austral, que cresce nas águas frias do Pacífico. Achamos delicioso.

Depois destas andanças, dirigimos até Castro, capital da ilha, onde nos hospedamos. Linda casa, de frente à enseada de Tenten, formada com águas do pacífico.

Chegamos por volta das 16h e não saí mais… casa linda, toda envidraçada, o pôr do sol que se completou quase nove da noite me anestesiou. Uma turma foi ao mercado e trouxe as comidinhas necessárias e o desejável vinho. Pronto, tudo pronto, assim ficamos até irmos para cama.

Nosso Airbnb em Castro
Hoje, da cama, pudemos ver o dia amanhecendo. Começa a clarear pouco depois das seis, mas o sol se mostra quase duas horas depois, deixando a amanhecer, assim como o entardecer, mais longo do que estamos acostumado. Espetáculo! Alguns foram para água, andar de caiaque ou nadar… eu não… água fria demais!

Em seguida, saímos para conhecer algo da ilha, passando pelo lago Huillinco, indo em direção ao Molhe das Almas. Passamos por belíssimas estradas que costeiam o mar. Realmente lindas. O visual geral beira o deslumbrante, com essa mescla de vegetação abundante, cores do mar das mais variadas e formações rochosas peculiares. Mas acho que o maior impacto vem das paisagens isoladas, do visual com muito de intocável, da pouca presença de pessoas. Senti falta de bichos. Mesmo pássaros, vimos muito poucos.

A ilha, além das paisagens únicas, é cheia de mitos e lendas. O molhe das almas está nesse contexto. Além de ser um lugar lindíssimo, encerra uma bela história. Mais uma das tantas que brotam em todos cantos do mundo, que fala dos balseiros que transportam almas dos mortos para lugares mais ou menos sombrios, mais ou menos nobres. No caso deste lugar, que visitamos hoje, li que, antes do tsunami que ocorreu em Chiloé em 1962, existia uma formação rochosa no local que recebia as ondas do mar e devolvia espumas que, por vezes, navegavam sob o mar e adquiriam formas que, não raro, se assemelhavam a pequenos barcos. Bingo! Esses são os barcos que, devidamente manejados, levam as almas ao, como dizem em castelhano, inframundo.

Molhe das Almas
Vou terminar esse post mencionando outra vez o quão interessante está sendo estarmos todos juntos, as viagens em dois carros, os momentos de café e jantar na casa, o chimarrão, o vinho, as inúmeras conversas, mais ou menos harmônicas, as risadas altas e espontâneas. Já foram dois de oito dias e já podemos cravar o acerto da viagem. E do local, o Sul do Chile não cansa de nos surpreender com a beleza das suas paisagens.

Amanhã ainda teremos um pouco da Ilha de Chiloé e partiremos em direção a Puerto Varas. De lá, conto mais!

Alerta de possível Tsunami

Visual do lago Huillinco

De cima do morro, caminho ao molhe das almas

Molhe das almas

Casa em Ancud

Museu das Igrejas - Ancud

Casa e barcos em Castro

Praia das pedras

Deck da casa



sábado, 1 de março de 2025

Quito, Equador, 26 de fevereiro a 01 de março de 2025.

 

Com amigos!. Detalhe do nome do Paraninfo da Faculdade!

Outra vez no Equador. É minha décima vez aqui. Não me queixo, gosto muito deste país e de sua gente. Tanto gosto que aceitei um convite que já não faço mais questão de aceitar: dar uma palestra de 20 minutos. Acho pouco proveitoso viajar tanto para tão pouco trabalho. Mas, repito, o fato de ser no Equador e o tema, Encontro Nacional de Agroecologia e Sistemas Participativos de Garantia, quase me obrigaram a vir.  Saí de casa na madrugada de terça-feira, dia 25. Acabei chegando aqui apenas no dia 26. O voo de Brasília para Lima atrasou, tive que passar a noite em um hotel, o bonito Sheraton no centro da cidade, definido pela própria companhia aérea.

Jantar no Campina Lojana

Como disse, cheguei em Quito na quarta, 26, e, após um descanso e uma caminhada, saí para jantar com organizadores do evento. Um restaurante de comida de Loja, cidade ao sul do país, o Campina Lojana, muito agradável e com boa culinária. Jantei com a equipe de COSPE, uma ONG Italiana, que tem atuação em alguns países da África e América Latina, Brasil inclusive. Eles que me convidaram para estar aqui.

Quinta e sexta rolou o evento, que reputo como muito interessante. Fiz minha palestra, a primeira, e depois pude ouvir um desfilar de pessoas contando sobre o trabalho que desenvolvem com agroecologia e SPGs.

Já comentei aqui no blog, mas vou repetir: SPGs são os Sistemas Participativos de Garantia, o tema que mais me projetou no mundo da agricultura orgânica e agroecologia. Um método de certificação que se baseia na capacidade das próprias famílias agricultoras gerarem a credibilidade de sua produção. Se visitam mutuamente, avaliam uns aos outros, geram documentos e evidências, dão conhecimento ao público e/ou ao governo (depende do caso) e pronto, produtos certificados. 

Durante o denbate no evento!

Eu estava na gênese da elaboração deste método, lá pelos idos de 1992, então sob a denominação de “certificação participativa”.  Era uma perspectiva diferente do métodos de auditoria, definido pela norma ISO 65. Queríamos, e acho que conseguimos, criar um método que dialogasse mais com a agricultura financeiramente empobrecida do nosso continente, sem a necessidade de contratar dispendiosas empresas de certificação. De 1992 para cá, ajudei a formular e difundir o sistema, acho que posso dizer, de forma incansável. Viajei quase 40 países falando sobre isso, em alguns fui muitas e muitas vezes, dentre eles justamente o Equador. Podem imaginar como me sinto vendo um encontro nacional que discute o método, sua aplicação, limites e potencialidades, com mais de 200 pessoas e muitas experiências sendo apresentadas? Se conseguem imaginar me contem, porque eu mesmo não sei definir os sentimentos que me invadem. Mas acho que sinto algo semelhante com o que a rapaziada expressa quando fala “zerei a vida”. 

Dando minha palestra!

Fora do trabalho, pude passear um pouquinho. O hotel que fiquei, ZenHotel, é próximo à Plaza Foch, uma espécie de centro nervoso da noite em Quito. Caminhei até ela, na quarta-feira à tarde, apenas para relembrar momentos que vivi por aqui. Parei na cafeteria Juan Valdez, uma espécie de Starbucks Colombiano, não porque o café seja tão bom, não é, mas para reativar memórias. Tomei um café gelado, destes que parece um milkshake, lendo “A insustentável leveza do ser”. 

Hoje de manhã ainda tive tempo de ir a “Capilla del Hombre” y a “Casa-museu Guayasamin”. Programaço! É a terceira vez que venho e, se voltar a Quito, venho de novo. Vou colocar algumas fotos abaixo. Eu realmente adoro sua obra, um pintor que retrata a América Latina, seus povos e suas dores com um traço único e que sempre me tocou. Ele se junta a tantos outros artistas de sua época que militavam por um continente mais justo, livre e independente. 

Era também da escola dos muralistas latino-americanos. O evento que participei foi na Faculdade de Jurisprudência da Universidade Central do Equador, e lá está um lindo mural feito por ele! 

Se você vier a Quito, visitar Guayasamin é obrigatório!

Estou terminado de escrever esse post hoje, sábado, final da tarde, enquanto espero meu voo, na sala VIP (voar muito tem suas vantagens) da Latam, no aeroporto Mariscal Sucre. É isso aí. Agora voo para Lima, depois Guarulhos, logo Porto Alegre e, ainda, um carro para Torres!

Cabeza de Napalm - referencia às
vitimas do vitnam

El Mestizaje - neste quadro, faz menção a
sermos um continente de muitas raças.
Diz ele que retrata nesta obra uma menina
que está acordando depois de
quinhentos anos - a América Latina.

Rostos! 

Voisual de fora da Capilla del Hombre



Lágrimas de Sangre - lindíssimo!