quinta-feira, 5 de junho de 2025

Cracóvia, 29 de maio a 01 de junho de 2025.

Igreja construída a 300m de profundidade - interior da
mina de sal de Wieliczka


Chegamos em Cracóvia e, do aeroporto, pegamos um Bolt para o hotel, o excelente “The Crown Kraków Center”. Era tipo nove da noite e, mesmo assim, nos dirigimos à principal praça da cidade, 1,5km, aqui chamada de “Praça do Mercado”. Isso denuncia que a cidade é mesmo medieval, porque, naqueles tempos, o local da praça era onde ocorriam as ações de mercado, as trocas de mercadorias, tendo por mediação algum tipo de moeda, cunhada ou de referência, ou apenas o escambo de produtos. Mas isso não ocorreu apenas na Europa, o mesmo se sucedeu nos quatro cantos do mundo. Em cidades antigas nas Américas, também conjugam praça central e mercado. Cusco e sua praça de armas é um bom exemplo. Me parece bastante óbvio que assim seja, a praça é, por excelência, o local da feira.

Basílica de Santa Maria

Eram quase dez da noite e a praça estava iluminada, linda. Iluminada, linda e cheia. Aliás, que cidade cheia, ao menos em seus pontos mais turísticos. Eu não sabia que Cracóvia se inseria no turismo de massa, não esperava por isso. Nos surpreendeu e, confesso, não curtimos muito. Jantamos pierogarnia (dumpling polonês) e fomos dormir, eram quase onze da noite, bateu o cansaço! No dia seguinte, sexta-feira, momento de bater ponto em alguns dos lugares que fazem Cracóvia famosa no mundo do turismo. Saímos do hotel e pegamos uma reta em direção ao bairro judeu Kazimierz. Mas fomos aproveitando o caminho. Primeiro, outra vez, passamos na Praça do Mercado. De dia, ficamos por ali umas duas horas, vendo o movimento, outra vez muito cheia, a Igreja de Maria, a torre do relógio, o chamado mercado das sedas, um conjunto de lojinhas que vendem artesanatos, e rumamos para a Igreja de Pedro e Paulo. Nessa caminho, pausas para olhar algo do intenso comércio, tomar um café ou comer uns obwarzanek, umas roscas macias, formato semelhante ao pretzel, de sabores doces ou salgadas, que são vendidas por todo lado. Da Igreja de Pedro e Paulo nos dirigimos ao Castelo de Wewel. Fica no alto da colina de mesmo nome e impressiona pela magnitude. Mas era tanta, tanta gente, que optamos por voltar depois e… adivinha? Não voltamos… mas o que vimos valeu, para visitar o castelo com dignidade precisa de tempo, não sei se seria nossa prioridade!

Cardápio os "Zapiekanki".

Seguimos até, finalmente, o bairro Kazimierz. Uma vibe mais descolada, com uma pegada cultural moderna, feirinhas e paredes pintadas com gravuras ou cores vibrantes - eu não sei porque vários bairros judeus que conheço, em diferentes partes, tem esse clima. Ficamos andando para lá e para cá, percebendo essa pegada que mencionei. Achamos um lugar com uma pequena feira e vários boxes vendendo zapiekanki, um pedaço de pão, torrado sem ser duro, com molho de tomate, mozarela e cogumelos. Esse é o clássico. À partir daí, uma enormidade de sabores. Bom e barato, adoramos experimentar. No mesmo local pedimos um suco de maçã exprimido, feito com um juicer, delicioso! Entramos na Sinagoga de Isaac. São várias no bairro, escolhemos essa, pagamos 15 zloty cada um (uns 22 reais). Eu não tenho lembrança de ter estado em uma Sinagoga antes, achei legal conhecer. Ambiente simples, cheio de significados que eu não tenho cultura para extrair.

Voltamos, da mesma forma, caminhando. Neste dia, foram 20 km no total. Descansamos duas horinhas no hotel e regressamos para a Praça do Mercado, buscando uma cerveja e algo para comer! A cerveja tomamos em um dos bares ao redor da praça, mais cara, mas queríamos estar ali naquele movimento, pessoas passando, vendo o desfile das charretes feitas carruagens para turistas terem seus momentos de nobreza. Faz parte! Para jantar, elegemos o Gòscinna Chata. Comida tradicional polonesa de boa qualidade, gostamos do ambiente também. Recomendo! 

Turismo de massa e suas versões
"Parque temático". Cracóvia não foge disso
!

No fim do dia, avaliamos que Cracóvia estava médio. A cidade é bastante interessante, bonita, astral legal. Mas não curtimos tanto, talvez por estarmos vindo de Tallin e Riga, duas cidades mágicas. Com essa avaliação, resolvemos que deveríamos ir visitar a Mina de Sal, famosíssima aqui. Acordamos cedo, tomamos o café da manhã no hotel, o que não fazemos todos os dias, e pegamos a condução pública para Wieliczka, cidadezinha que abriga a mina. Aliás, vale uma menção ao transporte público em Cracóvia: usamos algumas vezes e adoramos. Muito fácil, uma rede de bondes elétricos, super modernos, só entrar e pagar com teu cartão em maquininhas que estão tanto nas estações quanto dentro dos bondes. Passagens custam a partir de 4 zloty.

Galerias da mina: 200km...

Pegamos um bonde até a estação de trem e de lá o trem até Wieliczka. Em 50 minutos estávamos lá. Havíamos comprado o bilhete pelo próprio site oficial da Mina. Custou 140 zloty cada, uns 200 reais por cabeça. Lá é tudo muito bem organizado e rapidamente achamos nossa fila.

São poucos mais de 2km percorridos em quase três horas. A guia nos leva até 300m de profundidade, descemos cerca de 800 degraus. Não vou descrever a visita aqui, vou fazer dois comentários apenas. O primeiro é que a visita vale pelo aspecto histórico, do aprendizado cultural, mas não é aquele tipo de mina que se destaca pelas belezas naturais, mas sim pela capacidade do ser humano de moldar a natureza para satisfazer suas necessidades e se beneficiar. Realmente impressiona muito como exploraram essa mina, que hoje está inativa. Para ter uma ideia, são mais de trezentos quilômetros de galerias. O segundo comentário é sobre o sal. Que produto importante… caraca! Por sua conta os seres humanos desbravaram terra e perfuraram pedras, criaram verdadeiras cidades subterrâneas, forjaram riquezas e impérios. Incrível… nós, brasileiros, estão acostumados com o sal marinho, mas ele representa menos de 10% do sal consumido no mundo. A maior parte vem mesmo de minas.

Cervejaria House of Beer

Regressamos a Cracóvia depois das quatro, a cidade fervia. Resolvemos fugir do tumulto e ir a duas cervejarias. Uma a “Viva la pinta”. Perto da praça, bacaninha, mas, na real, achamos mais ou menos. A outra, “House of Beer”, adoramos, das melhores, vale a muito a visita!

Ficamos até oito da noite pela rua, ainda dia, e regressamos ao hotel. Na passada, compramos um Kebab! Não resistimos… essa foi nossa janta! Barata e delicioso!

Hoje saímos cedo para a rua, tínhamos pouco tempo. Acertamos em ir até a praça do distrito de Podgorze, segundo dizem o autêntico gueto judeu de Cracóvia. Foi criado pelo regime nazista em 3 de março de 1941 para “limpar” o centro da cidade. Fomos lá ver a monumento das cadeiras, uma homenagem de Roman Polanski para lembrar os judeus que tiveram que sair de suas casas levando seus pertences. Ainda passamos em frente a famosa fábrica de Schlinder, história contada por Spielberg em seu famoso filme. Tínhamos ainda umas horas e fomos até o monte de Krakus, de onde se vê uma vista panorâmica da cidade. Esse programa foi médio, não curtimos muito…

Regressamos ao hotel e, daqui a pouco, pegamos um ônibus FlixBus para Budapeste! Serão sete horas de viagem, saindo da Polônia, cruzando a Eslováquia e chegando até a Hungria. Parece maneiro, né? De lá, eu conto!

Lago salobro no interior da mina de sal.

Aspecto da praça do mercado, uma das maiores de toda a europa

Órgão da Igreja de Pedro e Paulo

Sinagoga de Isaac

Na Igrja da mina, uma reprodução da ansat ceia, feita em
pedra de sal.

Cracóvia e suas grandes áreas
verdes

Aspecto das ruas de Cracóvia

Monumento das Cadeiras

Fábrica de Schlinder



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