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Praça do Mercado |
Saímos de avião de Veneza e chegamos na capital do país
mais feliz do mundo: Helsink. Isso é o que afirma a ONU, subsidiada pelos
números, que demonstram acesso à educação e saúde, transporte público, nível de
salários, acesso à internet e outros indicadores que não deixam dúvidas: nenhum
outro país do mundo oferece aos seus habitantes o que a Finlândia oferece.
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Catedral Luterana |
Do aeroporto para o hotel, o Scandisk Hub, excelente por
sinal, viemos de trem. Super fácil, cômodo e barato (€3,40/pessoa). Por sinal,
barato não é uma palavra muito usada por aqui… não sei se usarei de novo!
Check-in feito, saímos para reconhecer o terreno. De cara,
a cidade nos encantou. Fomos até o Mercado, e de lá para um local próximo e ao
lado do mar, onde estão várias barracas de comida e souvenires. Demos mais
algumas voltas e regressamos, tendo o cuidado de ir, antes, ao supermercado
comprar algo para comer. Ana e eu gostamos de fazer isso, comer no hotel, ainda
mais quando o quarto é confortável e com espaço suficiente.
O segundo dia, quinta-feira, foi mais animado. Caminhamos
cerca de 18 quilômetros! Acordamos e fomos à Praça do Senado, ponto de encontro
de uma caminhada gratuita com um guia, mas com compromisso de deixar uma
gorjeta. Neste caso, com a Civitatis. Um certo padrão é se deixar 10/15 euros
para o guia!
O clima estava frio, mas não para um finlandês. Afinal, 12
/13 graus não assusta quem enfrenta um inverno onde as temperaturas podem
chegar a menos 30 graus. Mais ao norte, perto ou dentro do círculo polar
ártico, menos 50°! Uau!!!
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Uma esquina qualquer de Helsink |
Helsink é uma capital pequena, com cerca de 700 mil
habitantes. No que poderíamos chamar de grande Helsink, essa população dobra,
concentrando 30% da população do país, menos de seis milhões de pessoas.
Pequena e muito bonita. Eu adorei. Ana também. Gostamos da estética dos países
nórdicos, as cores mais sóbrias, a discrição, a pouca conversa. Existe certo
padrão de comportamento e de vestimenta pessoal que não nos permite diferenciar
a classe social de um e outro apenas pelo que se vê. Isso e muito mais me faz
gostar do jeito de ser nos países nórdicos. E, nesse aspecto, Finlândia não
surpreende. Ela é uma bela expressão de tudo isso.
Mas, o que fizemos?
Passamos várias vezes na Espalanadi, um parque, não muito
grande, central a duas avenidas. Perpendicular a essas, ruas com cafés,
restaurantes e lojas. Passamos por todas elas!
Duas destas ruas, talvez três, não passam carros, são
apenas para pedestres. Adivinhem? Tem calefação. Para que o gelo derreta rápido
e a rua seja agradável, ou mesmo possível de caminhar, durante o inverno.
Fomos à biblioteca pública! Foi o que mais nos
impressionou. Além dos livros, vimos computadores, salas para jogos
eletrônicos, jogos de tabuleiro, inclusive algumas mesas para xadrez, máquinas
de costura, impressoras de plotagem, impressoras 3D, estúdios de música, com
instrumentos disponíveis para empréstimo. Para estudo/trabalho, tanto mesas
quanto espaços mais descolados, como uma espécie de arquibancada, com tomadas estrategicamente
localizadas. No terceiro andar um café, com vista para a cidade. Também no
terceiro andar, o espaço para crianças. Muitas mães, alguns pais, com seus
bebês ou crianças muito pequenas, sentadas ao chão, com brinquedos super
bacanas disponíveis. Café e restaurante com os preços mais acessíveis que vi
pela cidade. Almoçamos lá, muito bem, custou 13 euros por pessoa. Todos os
serviços que mencionei antes são gratuitos. A biblioteca de Helsink foi o que
mais me impactou na cidade.
Visitamos o Museu da Cidade. Gratuito também. Uma
exposição temporária sobre reciclagem, muitíssimo interessante, e a permanente
sobre a Helsink dos séculos XIX e XX. Vale a pena dar uma passada lá!
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Igreja Ortodoxa |
Fomos as duas principais igrejas da cidade: uma, a
catedral na Praça do Senado. Por fora linda, com aquele visual das igrejas
russas. Ouvi que, por dentro, bem austera. Não me surpreende, é luterana, suas
igrejas não ostentam o luxo das igrejas católicas apostólicas romanas. A outra
(Uspenski), é ortodoxa. Enorme. Por fora, lindíssima, construída toda de
tijolos reciclados, com 13 cúpulas de ouro, uma maior que simboliza Jesus, as
outras dozes representam os apóstolos. Por dentro não vimos, não curtimos pagar
para entrar em Igrejas.
Estivemos em dois mercados. Um mais central, o Old Market,
que mencionei acima, perto do parque da esplanada. Cafés, restaurantes e
souvenires. Chamou minha atenção um deles servindo carpaccio de urso. Carne de
caça, portanto cara, 22 euros uma modesta porção. O outro, a 2km do primeiro,
gostamos mais. Da mesma forma, cafés, lojas e pequenos restaurantes, mas
achamos mais bonito, coisas de melhor qualidade, mais charmosinho.
Fizemos o passeio até a ilha de Suomenlinna, onde tem um forte considerado patrimônio histórico pela UNESCO. Fomos de barco, dez minutos, considerado um transporte urbano. Custa €3,20 o bilhete com validade de 90 minutos, 12 euros com validade de 24 horas.
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Suomenlinna |
O que vimos de pontos considerados turísticos foi isso.
Vimos, mas não entramos, a Sauna Allas. Nela você pode, depois da sauna, pular
no mar báltico. Não me animei… aliás, sauna é um caso a parte nesse país. Ouvi
que existem aqui três milhões de saunas. Sim, uma para cada dois habitantes. No
hotel que ficamos tinha a melhor sauna que já vi na minha vida. Excelente! Em
três dias fui 4 vezes. Faz totalmente parte da cultura do país, imagino que tem
a ver com o frio. Até a segunda metade do século passado, as saunas públicas
eram muito abundantes, e tinham a ver também com higiene, já que os banheiros
em casa eram exceção. Em Helsink há pouco fecharam a última sauna pública,
gratuita, com promessa de reabri-la. Mas existem muitas saunas particulares,
como a Allas. Não fui a nenhuma, fiquei com a do hotel.
Para terminar, vou falar algo sobre o paradoxo da
felicidade… considerado, como comentei, o país mais feliz do mundo, essa tese
não convence nem os próprios finlandeses. A educação aqui, de alta qualidade,
não apenas gratuita, mas com detalhes como nos anos iniciais um professor, que
ganha muito bem, para quatro alunos. Saúde, quase gratuita, eles cobram, muito
pouco, para evitar abusos (achei a ideia excelente). Salários dignos, com pouca
diferença entre o mais baixo e o mais alto. Internet quase gratuita para todo
mundo. Calefação baratíssima - vem da queima de lixo urbano ou de usinas
nucleares. Tudo isso gera felicidade? De certa forma, sim. Ao menos, deveria.
Mas viver nessas latitudes não é tarefa simples. Frio e escuro a maior parte do
ano. No dia mais curto, tem sol de dez da manhã às quatro da tarde. Frio,
escuridão, não sei mais o que, não é simples determinar as razões, o fato é que
nesse país o índice de alcoolismo, depressão e suicidio é muito alto. Sei que é
leviano emitir opinião sobre tema desta natureza, mas minha percepção é que é
muito difícil reconhecer o céu sem conhecer o inferno. Alegria, prima mais
jovem da felicidade, vem também de reconhecer que estamos bem porque poderíamos
estar pior.
Deixa para lá, já devo ter começado a falar bobagem!
Bom, como última nota sobre Helsink, vou recomendar o café
e chocolateria Fazer, que fica a uma quadra para baixo da ruas de pedestres.
Linda, e os doces… espetaculares!
Outra coisa legal sobre esses dias na Finlândia foi pegar
um pouco de “inverno”. Frio que chama um café e um chocolate, a alteração de
temperatura entre a rua e as lojas e cafés, a chuva fina… isso tudo deu ainda
mais charme a essa nossa passada por esse país nórdico.
Amanhã vamos cruzar o mar Báltico e ir para Tallinn,
capital da Estônia. Conto algo de lá!
Adorei conhecer por vocês, eu com certeza não irei até aí, até porque esse clima , essas cores, já me deixam deprê.. hehe Mas simplesmente amei a biblioteca e tudo que ela proporciona gratuito. Tem bastante jovens por aí? Kali
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