sexta-feira, 14 de junho de 2024

Maputo, 13 de junho de 2024

 

Seminário agroecologia e mercados

Este post é só para deixar um registro sobre uma homenagem que algumas mulheres agricultoras da zona verde de Maputo me fizeram ontem, quinta-feira. No fim do Seminário que participei, que tinha foco em mercados agroecológicos e uso de selos de identificação, já depois das palavras finais, elas se levantaram e começaram a cantar, ameaçando formar um círculo. Fiquei esperando para ver se eu deveria fazer algo, uma delas fez um sinal que entendi era para eu as acompanhar. Fui batendo palmas e andando na frente, logo o rapaz que estava filmando pediu para eu parar. Ainda sem entender bem, vi a Bela, agricultora que conheço desde 2014, se aproximando com uma capulana. Todas ainda cantando, ela pôs a capulana sobre meus ombros. Depois outra e depois outra… e a Bela fez um discurso me agradecendo!

Fui obrigado a falar umas palavras. Disse a elas o que sempre digo quando falo daqui: o melhor de Maputo são as mulheres e suas capulanas! Elas colorem a cidade, mesmo nos seus espaços mais cinzentos. Além da simpatia, sorriso e amabilidade. Ao vê-las trabalhando nas machambas, vendendo alimentos nas ruas, preenchendo os espaços nas feiras e mercados, tenho a impressão que são elas que movimentam a economia da cidade.

Conversando com um amigo daqui que acompanhou toda a cena,o Estevão, entendi que elas não vieram de casa já programando essa homenagem, a ideia surgiu ali, durante o seminário. E de onde vieram as capulanas, novas? Pois as mulheres aqui, de certa idade, não andam sem uma capulana, quase sempre nova, na bolsa. As mães ensinam assim, pode-se precisar de uma a qualquer momento, nunca se sabe. Depois da Belinha, uma outra puxou mais uma da bolsa e por último uma senhora veio com outra (na verdade, uma toalha de mesa). Que onda…

Enfim, como disse, esse post era só para deixar marcado esse momento. Vou deixar os dois vídeos e algumas fotos aqui, sei que vou gostar de ver isso de novo de tempos em tempos…

Para terminar, compartilhar que minha percepção, ou aprendizado, é que nem todos os sonhos nascem para ver a luz do dia. E, para alcançar alguns, outros ficam pelo caminho, porque sonhos são assim mesmo: muitas vezes impossíveis, sempre variados e, não raro, contraditórios. Esses dois vídeos e essas fotos abaixo falam algo dos meus. Consegui misturar militância e trabalho ao redor da agroecologia, e receber uma homenagem dessa, aqui em Maputo, mostra que, se muito não fiz, algo fiz. Bem boa a sensação, acho difícil o Mastercard cobrir a oferta!

Depois conto mais das minhas andanças por aqui!








Nenhum comentário:

Postar um comentário