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Seminário agroecologia e mercados |
Este post é só para deixar um registro sobre uma
homenagem que algumas mulheres agricultoras da zona verde de Maputo me fizeram
ontem, quinta-feira. No fim do Seminário que participei, que tinha foco em
mercados agroecológicos e uso de selos de identificação, já depois das palavras
finais, elas se levantaram e começaram a cantar, ameaçando formar um círculo.
Fiquei esperando para ver se eu deveria fazer algo, uma delas fez um sinal que
entendi era para eu as acompanhar. Fui batendo palmas e andando na frente, logo
o rapaz que estava filmando pediu para eu parar. Ainda sem entender bem, vi a
Bela, agricultora que conheço desde 2014, se aproximando com uma capulana.
Todas ainda cantando, ela pôs a capulana sobre meus ombros. Depois outra e
depois outra… e a Bela fez um discurso me agradecendo!
Fui obrigado a falar umas palavras. Disse a elas
o que sempre digo quando falo daqui: o melhor de Maputo são as mulheres e suas
capulanas! Elas colorem a cidade, mesmo nos seus espaços mais cinzentos. Além
da simpatia, sorriso e amabilidade. Ao vê-las trabalhando nas machambas,
vendendo alimentos nas ruas, preenchendo os espaços nas feiras e mercados,
tenho a impressão que são elas que movimentam a economia da cidade.
Conversando com um amigo daqui que acompanhou
toda a cena,o Estevão, entendi que elas não vieram de casa já programando essa
homenagem, a ideia surgiu ali, durante o seminário. E de onde vieram as
capulanas, novas? Pois as mulheres aqui, de certa idade, não andam sem uma
capulana, quase sempre nova, na bolsa. As mães ensinam assim, pode-se precisar
de uma a qualquer momento, nunca se sabe. Depois da Belinha, uma outra puxou
mais uma da bolsa e por último uma senhora veio com outra (na verdade, uma
toalha de mesa). Que onda…
Enfim, como disse, esse post era só para deixar
marcado esse momento. Vou deixar os dois vídeos e algumas fotos aqui, sei que
vou gostar de ver isso de novo de tempos em tempos…
Para terminar, compartilhar que minha percepção,
ou aprendizado, é que nem todos os sonhos nascem para ver a luz do dia. E, para
alcançar alguns, outros ficam pelo caminho, porque sonhos são assim mesmo:
muitas vezes impossíveis, sempre variados e, não raro, contraditórios. Esses
dois vídeos e essas fotos abaixo falam algo dos meus. Consegui misturar
militância e trabalho ao redor da agroecologia, e receber uma homenagem dessa,
aqui em Maputo, mostra que, se muito não fiz, algo fiz. Bem boa a sensação, acho
difícil o Mastercard cobrir a oferta!
Depois conto mais das minhas andanças por aqui!
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