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quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Texcoco, 26 de outubro de 2016.

Estufa de flores da família da D. Laura.
Esta flor de branco sou eu. 
Ontem, quarta-feira, saímos outra vez ao campo, depois do costumeiro e farto café da manhã. Primeiro fomos visitar uns horticultores, a Dra.Victoria, médica, e seu marido Gustavo, no pequeno povoado de  Tequexquinahuac. Começaram a trabalhar com agricultura em 1992, com uma horta para consumo próprio e não deixaram mais este trabalho. Em 2003, começaram a participar do Tiangui (mercado) em Chapingo. 
Eu e D. Bráulia.
Depois fomos visitar D. Bráulia. Ela rege suas filhas, filhos, noras e genros com inúmeras atividades em diferentes pontos de Tequexquinahuac. Uma verdadeira matriarca. Com 84 anos e dificuldade para caminhar, ela decide o que e quando plantar, como cuidar, hora de colher e onde vender.  É fácil imaginar que decisões de outra natureza também passam pelo seu crivo.
Vimos o trabalho do clá de D. Bráulia no campo, com algumas estufas, de tomate, morango e flores. Também vimos horta e ela nos mostrou seu esquema de produção de tamales e tortillas
Depois de aprender sobre a produção, uma análise sensorial. Em um mesmo ambiente as mulheres estavam preparando a tortilha. Da massa ao cozimento, que é feito em uma grande chapa de ferro. E passamos todos comendo durante boa parte da tarde. 
Preparando tortilhas e tacloios.
À tortilha acrescentamos um dos vários molhos com diferentes teor de pimenta e, se queremos, algo mais, como carne, linguiça, creme de feijão e por aí vai, em uma viagem ao infinito. Ou elas preparam na chapa tlacoios, que são tortilhas dobradas, recheadas com creme de feijão, fava ou batata. Imagino que podem ser outro recheios também. 
Para beber, uma água de sabor, o que chamaríamos no Brasil de refresco. Para terminar, Lourenzo e Orestes, dois amigos Mexicanos que nos acompanharam toda a semana, apareceram com uma garrafa de Mezcal, orgânico. Mezcal é um destilado típico daqui, feito a partir de algumas variedades de agave, a mesma planta da qual é feito o Tequila, com a diferença que este último é elaborado exclusivamente do agave azul. 
Pequeno artesanato que reproduz a
cena familiar do dia 02/11
Ao entardecer, ainda passeamos um pouco por Texcoco, vendo seu comércio, seu mercado central e uma feira exclusiva para vender produtos para o dia dos mortos. Dia dos mortos aqui é um caso à parte. Sinteticamente vou dizer que no dia 02/11 as casas se preparam para receber seus mortos com um pequeno altar, com uma foto do ente que partiu e comidas que eram suas preferidas. É um dia de rever seus mortos, conversar com eles, expressar sua saudade e carinho. É mais alegre do que triste.
Hoje de manhã fomos visitar a Universidade de Chapingo, criada em 1854. Um lindo campus, onde estudam 15 mil alunos. Visitamos o prédio da reitoria, originalmente sede da fazenda que lhe deu o nome. Nesta linda casa, do início do século XVIII, funciona o Museu Nacional de Agricultura.  
Reitoria da Universidade de Chapingo.
De certa forma foi nesta Universidade que surgiu a mal denominada Revolução Verde, já que o norte americano Norman Borlaug, membro da Fundação Rockefeller, foi pesquisador em Chapingo e daqui foi porta voz da ideia da intensificação na agricultura baseada em adubos químicos, sementes melhoradas, maquinaria pesada e pesticidas. 
Ganhou o Prêmio Nobel da Paz de 1970, principalmente por seu trabalho com sementes híbridas de milho e trigo. A senhora que nos atendeu no Museu o conheceu em vida e nos contou que ele era uma pessoa muito simples e amável. 
No próprio prédio da Reitoria está a Capela Riveriana. Toda pintada com murais de Diego Rivera. Um luxo. Impactante. Tive pouco tempo para admirá-la, mas talvez tenha sido a Capela mais bonita que vi em toda minha vida.
E agora, já no aeroporto. Amanhã chego em casa. Fim desta breve e intensa aventura no México. 
Capela Riveriana
Capela Riveriana - Teto

Capela Riveriana

quarta-feira, 26 de outubro de 2016

Cidade do México e Texcoco, 24 e 25 de outubro de 2016.

México, terra do milho e suas mil caras.
Estou passando estes dias no México para participar de um processo de intercâmbio entre diferentes Sistemas Participativos de Garantia que funcionam na América Latina. Este processo envolve cerca de 20 pessoas, de 12 países, visitando em grupos de 4 pessoas a 5 países/SPGs. Já tivemos a etapa Bolívia e Brasil. Depois do México ainda faltam Peru e Chile. É uma forma de nos conhecermos mutuamente e aprender uns com a experiência dos outros. Um programa básico e um modelo de relatório final confere certa unicidade às visitas e permite compartilhar com quem não pôde participar. 
Proseando sobre os SPGs.
Este intercâmbio é organizado pela ONG que coordeno, o Centro Ecológico, e apoiado financeiramente pela Sociedade Sueca de Proteção à Natureza, uma das organizações ambientalistas mais antigas do mundo, fundada em 1908.
Na etapa México estamos eu, Faviana, da Feira Verde da Costa Rica, Maria Fernanda, da Rede de Produtores  Agroecológicos do Vale do Calca, Colômbia e Koldo, da Rede Agroecológica do Austro, Equador. Nossos anfitriões são a Vanessa e Fidel, da Associação Nacional de Tianguis Orgânicos. Parece interessante né? E é, muito interessante. 
Caveiras - tipico do México
Ontem passamos quase todo o dia trocando informações, ações e percepções sobre o trabalho que cada um de nós realizamos. Esta troca continuou durante o almoço, no bom restaurante de uma das lojas de uma pequena rede que vende produtos orgânicos, a Green Corner (http://thegreencorner.org/tiendas/). A loja tem uma impressionante variedade de produtos, boa parte importada dos EUA. 
Depois do almoço, às cinco da tarde, fomos passear em Coyoacan, um distrito da Cidade do México. Relaxamos, conversamos, tomamos nieve, comemos torta, quesadillas, tacos e guacamole.
Hoje, às seis da manhã, saímos do hotel em direção à Texcoco, uns 50 km distante. Está na região metropolitana da Cidade do México, em uma área de transição para zona rural do Estado do México, um dos 31 estados do país. Tomamos um belo café da manhã e fomos para o campo.
Perus - Granja Cocotla.
A primeira visita foi quase na cidade, na Granja Cocotla. Produzem principalmente peru orgânico. É uma pequena empresa rural, que começou seu trabalho na segunda metade dos noventa, buscando resposta ao problema da vaca louca e suas consequências na produção e comercialização de bovinos.
O que eu não sabia é que o peru é nativo do México, de onde saiu para a Espanha, Portugal e chegou à Inglaterra, daí enviado para os EUA, onde voltou a ficar selvagem, foi domesticado novamente e é o que hoje se cria em escala. O branco é mais comercializado porque sua carne esteticamente tem melhor apresentação, mas existem peru das mais variadas cores.
Dona Ermiria, um luxo - 90 anos!
Da Granja Cocotla viajamos quase duas horas e fomos visitar a Tomás Villanueva, em Tepetlixpla. Tomás é uma referência da agricultura orgânica na sua região e já trabalha com este tema há quase trinta anos. Sua propriedade espelha que ele  vive a agricultura orgânica em sua dimensão física e metafísica. Começamos por uma cerimônia de agradecimento a Madre Tierra, que terminou com uma meditação ao som de Ave Maria. Qual a relação? Terra mãe, Maria, mãe de Jesus e de certa forma de todos nós na mitologia Cristã... Destaque para a participação de uma outra mãe, a matriarca da família, Dona Ermíria, que nos deu um breve depoimento de amor à terra e ao milho, do alto dos seus noventa anos. 
Almoçamos já depois das três da tarde e fomos visitar sua área de milho. Tomás se diz gente do milho (gente del maíz). E se refere aos Mexicanos também como gente do milho. Lembremos que o México é centro de origem do milho, ou seja o milho surgiu aqui. 
Tomás Villanueva e seu maís.
Surgiu muito diferente do atual. Ao longo de milhares de anos, mulheres e homens, indígenas e campesinos, foram fazendo dele o que ele é hoje, com uma imensidade de variedades, cada uma guardando suas características de forma, cor, sabor, usos. Este trabalho de melhoramento genético do milho, que levou, repito, milhares de anos, naturalmente faz do milho um elemento crucial da cultura mexicana, mormente do meio rural.
A visita terminou já oito da noite, e ainda tínhamos uma hora e meia de viagem de volta. Chegamos, comemos tortilhas, tacos e tortas e fomos dormir. Amanhã tem mais.

Flores, no campo.

Olha que onda -  uma sala de aula na finca
de Tomás

Almoço no campo
Loja da Green Corner



segunda-feira, 24 de outubro de 2016

Cidade do México, 23 de outubro de 2016.

Faviana (Costa Rica), Maria Fernanda (Colômbia),
Koldo (Equador) Fidel, Vanessa e mais alguns
amigos e amigas mexicanos. 
Saí da casa da Helena hoje antes das seis da manhã. Mesmo assim, aeroporto e voo lotados. 
Pouco depois das nove já estava com meus amigos na cidade do México, pronto para começar o trabalho. O de hoje foi visitar feiras de produtos orgânicos. Aqui no México este nome feiras se refere a eventos ocasionais, de maior porte. Feiras de rua aqui se chamam Tianguis. Portanto passamos o dia hoje visitando Tianguis orgânicos. Que charme né? Vou repetir porque o nome é lindo e sonoro. Tianguis orgânicos.
Reunião para conversar sobre o próximo Foro Latinoamericano
de Sistemas participativos de Garantia, México nov/2017.
Outra vez: hoje fomos a dois Tianguis orgânicos. Tá, não repito mais. Os dois interessantes e diferentes. O mundo da Agricultura Orgânica se situa em um campo que podemos chamar alternativo. Para quem vê de fora, monolítico. Nós que estamos dentro vemos suas diferentes, quase inúmeras, feições.  Os dois que fomos hoje tinham lindos produtos orgânicos. Os dois em espaços privados, espécie de salões. 
O primeiro era mais, digamos, comportado. Até poderia dizer mais organizado. Produtoras vendendo, consumidores comprando. Conversas comportadas. Uma lanchonete com mesas, cadeiras, cardápio. O segundo, relativamente mais caótico. O que pode, ou deve, ser entendido como um elogio. Afinal, é a organização ou o caos que rege o universo? Teve mística, discursos, música, dança. Conversas em alta voz. Mas tudo organizado... quem disse que não existe planejamento em ambientes supostamente caóticos? 
Tiangui orgânico, o segundo que visitamos hoje.
Caos organizado!!!
A estética dos dois parecida, mas o segundo enche mais os sentidos, invade mais nossa privacidade. A favor da diferença está o fato do segundo Tiangui que fomos estar hoje comemorando cinco anos. Mas acho que existem diferenças genéticas que não se explicam apenas por em um deles ser um dia de festa. Aposto que uma festa de aniversário no primeiro que visitamos seria diferente.
Qual gosto mais? Dos dois, há estado de espírito para um e outro.
torta de papas con nopales
Costumo gostar dos diferentes diapasões que vibram neste mundo que insiste em sobreviver um pouco à margem do que comumente se faz.
Assim foi quase todo o dia. Visitamos bancas, tivemos pequenas reuniões, conversamos sobre agroecologia e certificação participativa. Mas o que fizemos mesmo o dia todo foi comer. Passamos o dia comendo. Tortillas, tamales, sopes, talcosos de requeson y frijoles, Torta de papa con nopales, quesadillas, tacos con queso y pastor....tudo delicioso!!
Este foi o trabalho de hoje. Trabalho? Sim, trabalho... em algum momento já mencionei aqui no blog uma frase atribuída a Confúcio: "trabalhes no que você gosta e não trabalharás nunca". Pois então, a verdade é que nunca sei quando estou trabalhando!
Centro da Cidade do México, início da noite.
Ainda tivemos tempo para passear em um bonito e cinzento fim de tarde por algumas ruas do centro da Cidade do México. Muito agradável. Me surpreendeu a quantidade de gente pelas ruas e muitas lojas abertas até o fim do entardecer, já quase 20:00hs.
Terminamos o dia, no início da noite, tomando uma corona no Salón Corona. Existem outros, mas fomos no original, fundado em 1928. Corona de barril (chopp) e tacos, muitos tacos.
Viva México!

domingo, 23 de outubro de 2016

Guadalajara, 22 de outubro de 2016.

Agave Azul
A tequila é sem dúvida um dos símbolos do México. Comentando que vinha para cá, muitos me mandaram uma mensagem ou comentaram: “toma uma tequila lá por mim”. Eu acho que mais do que os mariaches, os tacos ou sombreiros, a imagem internacional do México está ligada à tequila.
Tequila Herradura, algumas de suas
expressões.
Dos 31 Estados do México apenas 5 têm denominação de origem para produzir Tequila. Significa que, nos outros Estados, se alguém produzir uma bebida igual, tem que colocar outro nome. Semelhante ao que acontece com a champanhe, que apenas pode ser produzida na região de Champagne, no noroeste da França. Quem gosta desta bebida e compra marcas produzidas em outros lugares já se acostumou a chamá-la de espumante.
Outra coisa que aprendi hoje é que 95% da tequila é produzida no estado de Jalisco. Ou seja, a tequila é de Jalisco. E eu estou em Guadalajara, capital de Jalisco. Então, o que fomos fazer hoje? Visitar a cidade de Tequila, que o nome já nos indica, concentra boa parte das fábricas desta bebida.
Nos 60 km que separam Guadalajara de Tequila já se nota onde estamos. Muitas plantações de agave, a planta da qual se extrai a matéria prima para elaboração da tequila. Demora de sete a nove anos para crescer e estar no ponto de ser colhida.
Chegamos e fomos dar uma rápida volta pela cidade. 
Coreto da praça de Tequila
É bonitinha, pequena, toda ao redor de uma praça com coreto e Igreja, muitas lojas vendendo tequilas em garrafas as mais variadas e apetrechos como copos, porta copos, cantil para tequila, artesanatos. Naturalmente, vários bares, cafés e restaurantes. Entramos rapidamente na tequilaria mais visitada, a internacionalmente conhecida Jose Cuervo. Mas nossa opção de visita foi algo mais original, fomos a uma fazenda tequilera, chamada Herradura.
Foi interessante o tour. Aprendi algumas coisas, vou tentar resumir.
Uma vez colhida, o pé de agave é jimado, ou seja, como que descascado, para separar suas folhas do coração. Este coração é cozido no vapor, e neste momento seu amido será transformado em açúcar. Depois de cozido, é esmagado e colocado para fermentar. Depois da fermentação, destilado, e pronto, temos a Tequila. Raramente se acha no mercado a tequila tal qual ela sai do alambique, com 55% de álcool. Normalmente ela neste momento recebe diferentes quantidades de agua desmineralizada, que a deixarão com o grau alcoólico desejado. Após, podem ou não descansar por diferentes períodos de tempo em barris de madeira, de onde sairão tequilas com diferentes expressões, consubstanciadas em cores, aromas e sabores.
Eu e D. Jesus, jimando a agave.
A fazenda tequilera na qual fomos hoje, a Herradura, é antiga e mantem tradições desta produção que já se perderam em outras fábricas. Quem nos levou foram dois amigos da Helena, o Arturo e a Mariana. Ele trabalha para a empresa dona desta marca. Fomos muito bem ciceroniados e aprendemos sobre algumas características que fazem da Herradura uma tequila de qualidade superior. Vou citar três. As garrafas, apesar de serem compradas novas, naturalmente precisam ser lavadas. Eles lavam com tequila, para evitar contaminações de aromas ou sabores.
O processo de fermentação é feito em tanques de fermentação abertos, com a intenção de aproveitar os aromas que podem ser incorporados a partir das inúmeras arvore frutíferas e flores que estão plantadas na fazenda.
A primeira e a última parte da fermentação, chamados de cabeça e rabo, são desprezadas. E ela é duplamente destilada. Semelhante à cachaça, estes cuidados são imprescindíveis quando se quer obter um produto de qualidade.
Como vários outros mundos (cacau, café, vinho, cachaça, azeite, ...) o mundo da Tequila é muito especial, cheio de detalhes e nuances. Não é uma breve visita que permite entendê-lo. Mas gostei da visita, foi quase um curso que poderia se chamar: “Introdução ao mundo da Tequila: da elaboração ao consumo”! 
Café da manhã deliciosos - também,
com uma companhia desta!!!
E o dia ainda teve mais. Um belo café da manhã com Helena, Mariane e Arturo, onde comi ricos chilaquilles de jamaica. Ao entardecer provei o famoso sorvete artesanal nieve de garrafa e ainda jantamos em um bom restaurante, o Elena, Mar y Leña. Comemos deliciosos camarões, preparados de diferentes maneiras, na entrada e nos dois pratos que pedimos.
Amanhã cedo, muito cedo, saio para a Cidade do México, onde tenho trabalho. Já com o coração apertado, mas tranquilo por ver que Helena está bem, tranquila com suas decisões. Vida que segue, tenho que trabalhar, mesmo sendo domingo!

Simpática Igreja em Tequila

Carro em Tequila. I love kitchie !!!

Entrada da fazenda tequilera

Coração do Agave

Forno com o coração já cozido,
provei, é macio e doce.

Alambiques, para destilar.

sábado, 22 de outubro de 2016

Guadalajara, 20 e 21 de outubro de 2016.

Helena conversando com  Frida!
Vim a Guadalajara para um programão. Ver minha filha, Helena, que vive aqui desde março de 2014. Achou a oportunidade de trabalhar na fábrica da Hersheys pela internet. Veio para ficar seis meses, já se vão mais de três anos. Mora sozinha, em um simpático apartamento no charmoso bairro Providencia. Não tem TV em casa, porque netflix e redes sociais é suficiente. Não tem empregada e sua casa tem pouquíssimos móveis. Tem como objetivo cozinhar em casa três vezes por semana. Os restos dos dias, come fora. Nascida em 1989, não sei se ela é cool, descolada, tendência ou hipster. Ou uma legítima representante da geração y. Ou uma típica milenium. Sei lá, não sei as diferenças.
Vista interna do Hospício Cabañas
Guadalajara é uma cidade grande, mas guarda um certo ar interiorano, o que a torna agradável. Tem 1,5 milhões de habitantes, mas sua região metropolitana chega a quase 5 milhões, sendo a segunda mais populosa do pais.
Hoje fomos passear no centro histórico. É a parte antiga da cidade, que tem quase 500 anos de fundação. Começamos pelo mais interessante que vi hoje, o Hospício Cabañas. Hospício significa orfanato. Em 1997 este lugar foi declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco.
A casa é enorme, imponente, neoclássica, com um belo pátio interno e mais de 100 quartos que hospedaram órfãos até 1980, relativamente pouco tempo atrás. Mas o que realmente impressiona e faz do Hospício Cabañas uma visita obrigatória são os murais que José Clemente Orozco pintou na grande sala situada à sua entrada, que em seu momento foi uma Capela (Capilla Tolsá). Ao todo foram pintados, no fim da década de 30 do século passado, 57 murais de diferentes tamanhos. 
Este mural retrata a mescla de culturas
Orozco, para quem não se lembra, é um dos grandes Muralistas Mexicanos, que surgiram após a revolução mexicana e tinham como objetivo fazer arte popular, acessível a todos. Outro grande nome desta escola é Diego Rivera, o esposo da por todos amada Frida Khalo.
Lindos os murais, cheio de histórias e significâncias que nos foram contadas pelo guia do Hospício. Bom, o tempo era curto e deixamos Orozco e seguimos passeando. Passamos pelo Mercado San Juan de Dios, com artesanatos locais como toalhas de mesa coloridas, sombreiros, copinhos para tomar tequila e calçados de couro. Do mercado fomos para a Plaza de Armas.
A Plaza de Armas não é muito grande, nem tão cuidada. Tampouco muito turística, o que vi foram pessoas locais, passando, passeando, alguns dando comida aos pombos. Ela guarda semelhanças com tantas outras que existem pelo continente. Os poderes medievais como de costume se encontram ali representados.
Catedral Metropolitana de Guadalajara.
A Catedral Metropolitana, poder eclesial tem história, começou a ser feita em 1558. Achei ela mais bonita por fora do que por dentro. Destaque para suas duas torres, construídas no século XIX, depois de um terremoto que destruiu as originais. São consideradas símbolos da cidade.
Visual da Av. Chapultepec.
Do outro lado da rua, o poder político, representado pelo Palácio Municipal e o Palácio do Governo do Estado. O terceiro poder, o comércio, se faz representar por lojas, bares e restaurantes. Não deu vontade de parar e seguimos caminhando até a Av. Chapultepec. De caminho, passamos por ruas interessantes, com algumas casas coloniais e bares convidativos. A Av. Chapultepec é larga, com um calçadão no meio, arborizada e com uma certa elegância.  
Em um determinado ponto, saímos por uma perpendicular, caminhamos três quadras e fomos ao Mercado MéxicoÉ um destes que está na moda agora, com a proposta de revitalizar espaços para quer sirvam de encontro de pequenos pontos gourmet, com variedade de comidas locais e de diferentes lugares do mundo, com aparência descolada. Não comemos ali, mas é fácil ver que é um bom lugar.
Este foi o passeio do dia. O aplicativo nos disse que caminhamos dez km, em treze mil passos. Sou garoto. O melhor de tudo, curtindo minha filhota. Quer mais? Não precisa de mais nada... 
Felipe II segurando uma cruz manchada de sangue... 

No teto da Capela, uma obra impressionante. Se chama
"El Hombre de Fuego".

Dois murais e Helena admirando. Orozco é bom, mas minha obra
é mais bonita...