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terça-feira, 29 de setembro de 2015

Cabo Verde, 28 e 29 de setembro de 2015.

Visual de casario no centro de Praia, Cabo Verde.

Estou desde domingo em Cabo Verde, terra da Cesária Évora. Cheguei à capital, Praia, às onze da noite de domingo, depois da odisséia que relatei na última postagem.

Vim aqui para um curso com Extensionistas do Ministério do Desenvolvimento Rural. São 40 horas de curso, em cinco dias, ou seja, quase não vou ter tempo de conhecer a Ilha de Santiago, onde estou, muito menos o país.

O mar, visto do centro de Praia.
Ontem passei o dia em sala de aula, entre palestras e debates. No curso estão técnicos das nove ilhas habitadas do arquipélago, que no total é composto por dez ilhas e muitas ilhotas. Para quem não freqüentou as aulas do Albino, Cabo Verde fica na costa ocidental da África, e está mais ou menos no meio do caminho entre Brasil e Portugal, que o colonizou no século XV. A palavra colonização aqui é bem empregada, porque as ilhas não eram habitadas e inicialmente foram usadas por Portugal para facilitar o tráfico de escravos africanos. A independência de Portugal veio apenas na década de setenta.

Mesmo com pouco tempo, já pude notar que a população, sua pele multitom, comida, canto, etc, guarda muitos traços desta mescla de europeus e africanos. Outro exemplo da mescla: quem ouve Cesária Evora, ou Teophilo Chantre cantando em crioulo, não pode deixar de sentir uma certa dor do fado... ou estou enganado?

A barragem e o verde.
Hoje fomos ao campo, visitar parcelas de produtores familiares, conversar sobre manejo de solos e proteção de cultivos sob enfoque da agroecologia. Apesar do clima predominante no país ser semi-árido, estamos em plena época chuvosa, o que deixa o visual bastante colorido. Ouvi aqui a brincadeira que na maior parte do ano o Cabo é seco, só fica verde quando chove.

Visitamos uma barragem, a primeira de sete já construídas nos últimos dez anos. Com ela, são mais de 200 agricultores familiares que tiveram suas vidas mudadas de maneira significativa por aumentar consideravelmente a disponibilidade de água ao longo do ano. 

Depois fomos a duas propriedades. O que vi a campo? Milho, feijão, amendoim, repolho, tomate, mamão, banana, cana, mandioca, abóboras, berinjela, etc. Me senti em casa.
Trabalhando...

Estou hospedado no Praia Confort, um confortável hotel na praça principal da cidade, do outro lado da Igreja principal da cidade. O centro histórico tem um estilo tipicamente colonial, casas de muitas janelas e portas encima da calçada, coloridas, algumas delas com os azulejos que são marcas registradas da arquitetura portuguesa. Se me distraio um pouco, posso pensar que estou pelo interior do nordeste brasileiro. Como termino de trabalhar às cinco da tarde, o dia que me sobra é apenas para passear um pouco pelo centro. Ta bom, to me divertindo conhecendo estas terras luso-africanas!
Mais das casas do centro histórico de Praia

domingo, 27 de setembro de 2015

Recife e Lisboa, 26 e 27 de setembro de 2015.

Melhor do dia, vi isto em um bar chamado Velha Senhora
Se entendo o pouco que já li sobre física quântica, ela afirma que algo só existe depois de visto. É o observador que precipita a realidade. O indiano Amit Goswami usa uma história popular no seu país para tentar esclarecer esta afirmação. Um velho sábio saiu de casa e ao passar pela autoridade local esta lhe perguntou onde ele ia. O sábio disse que não sabia. A autoridade insistiu uma e outra vez, sempre ouvindo o velho dizer que não sabia. Irritado, deu voz de prisão, dizendo que por desacato o sábio iria passar a noite na cadeia. A resposta que a autoridade ouviu: viu? Te disse que eu não sabia...
Lisboa sempre linda - visual do Alto Chiado
Este meu fim de semana me lembrou esta história. Cheguei em Porto Alegre desde Milão às nove da manhã. Saí as três da tarde para Recife, via Guarulhos, onde deveria embarcar para Praia, capital de Cabo Verde. O que já parecia insano se transformou em surreal. Perdi a conexão em Recife, de fato ela era muito justa. Como este voo que perdi, da Cabo-verdiana airlines é semanal, e eu preciso estar em Praia amanhã, segunda-feira, a solução encontrada por quem me contrata em Cabo Verde foi emitir um bilhete via Lisboa. Sim, cheguei aqui em Lisboa hoje às onze da manhã e saio daqui a pouco, oito da noite.
Ontem passei o dia em Recife, a maior parte do tempo preparando minha atividade desta semana, mas encontrando tempo para uma boa caminhada no calçadão da sempre agradável praia de Boa Viagem.
Hoje eu tinha oito horas entre a aterrissagem em Lisboa e a decolagem para Praia.
Expresso e Pastel de Nata!
Resolvi sair do aeroporto, respirar um pouco de Lisboa. Quando cheguei na estação Alto Chiado era exatamente meio-dia. Dei de cara com o Café A Brasileira e com a estátua de Fernando Pessoa sentado, esperando companhia para um café. Sempre gosto de encontrá-lo. 

        Depois de ver o Poeta, passei a tarde caminhando e comendo. Tomei café com pastel de nata na famosa Rua Augusta. Parei numa mercearia de um indiano para comprar uma Pedras, a famosa água mineral daqui, levemente salgada. Depois tomei  um chopp local no Museu da Cerveja, no Terreiro do Paço, vendo o Tejo ao fundo e o Arco da Augusta ao lado. Muito agradável.
O almoço foi bacalhau à lagareira, no restaurante São Ciro, ao lado da Praça D. Pedro IV, no Rossio. Escolhi mal. digo o restaurante, não o prato. Para compensar o almoço apenas razoável fui buscar a sobremesa na Confeitaria Nacional, que fica na Praça da Figueira e se diz a mais antiga e tradicional de Lisboa. Fundada em 1829. Terminei meu passeio ali, outra vez com um expresso e um pastel de nata.
Tô muito bom na selfie... este é o
Arco da Augusta
Ruim passar seis horas flanando por Lisboa? Não! Mas um domingo, já fora de casa a dez dias, sozinho... É, o lobo solitário, depois de velho, virou um ser gregário. Interessante, acho que isto é uma evolução da espécie.
A história do sábio indiano me volta aos pensamentos. Sexta- Feira de noite se tivessem me perguntado onde eu iria passar o fim de semana, eu teria respondido: Praia, Cabo Verde. Erraria feio. Passei entre Recife e Lisboa. O certo seria responder não sei. Nós nunca sabemos!
Espero amanhã estar em Praia. A realidade a ser precipitada lá é um curso de cinco dias para quarenta técnicos do governo federal. Tá bom, to a fim mesmo de trabalhar.

Visual do Terreiro do Paço e do Arco da Augusta

Da minha mesa, no Museu da Cerveja.

Da minha mesa, no Museu da Cerveja, outro ângulo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2015

Milão, 24 de setembro de 2015.

Papai, filhinho e a Duomo de Milano!
Este post é de despedida de Milano. São nove da noite, e já estou na sala de embarque, dentro de uma hora saio em direção a São Paulo, vou a Porto Alegre, fico por algumas horas e saio em direção à Cabo Verde, via Recife. Uma loucura, de Milão a Praia (capital de Cabo Verde) seriam poucas horas com uma escala em Lisboa, mas não foi possível encaixar as passagens. 

Em Navigli!
Hoje o dia foi de passeio com o Tiago. Realmente vê-lo foi um ponto alto desta viagem. Bom saber que ele está bem, aproveitando o presente que ganhou de passar um ano na Europa nesta idade. Por dever de ofício lembrei a ele que tem que fazer por valer esta estada no velho mundo.

Começamos indo ver o Castelo de Milão, depois fomos caminhar por Navigli, o simpático bairro com um canal rodeado por bares, cafés e restaurantes. Dali fomos caminhando por três belos quilômetros pelo centro até chegar à Praça da Catedral. Almoçamos muito bem, uma tábua de queijos, massa e vinho. 

O garoto merece... ta vivendo de
baguete e pizza...
Aliás, ontem jantamos muito bem também. Um antipasti de presunto de Parma, muzzarella de búfala e zuchinni frita, deliciosa. Depois Tiago comeu risoto milanês, que é feito com açafrão e eu um espagueti a carbonara. Vinho, água mineral e um tiramisú completaram a refeição ligeira...

Depois de uma breve passada pela Praça, já foi tempo de despedir. Fomos ao hotel e de lá Tiago me deixou na estação Cardona, com trem expresso para Malpensa, onde fica o aeroporto internacional.


Foi bom ter vindo. Ver o filho foi ótimo, o trabalho foi mais ou menos, ver pessoas conhecidas e passear pela Itália é sempre bom, ainda que eu ande cada vez mais caseiro... tenho que pensar em achar motivação para seguir caminhando!

Rua transversal ao canal, em Navigli.

Meu prato de hoje: Tortellini com molho 
branco e presunto. Sensacional!!!

quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Milão, 23 de setembro de 2015.

"Todos os passos que dei na minha
vida levaram-me até aqui, agora" 
E cá estamos...
Hoje o dia começou calmo. O café da manhã bem servido e bem acompanhado trouxe a graça a manhã, que acordou ameaçando chorar. Chorou. Deixamos ela chorar. A conversa levou a filosofia e a disparidade da 'expectativa vs realidade' em viagens. Assunto não novo, mas que vale a lembrança a todo tempo. Devemos sempre relembrar da expectativa e aproximar a realidade dela. Da nossa. Nesse mundo feicibuquiano a dificuldade aumenta. Bom, por aí foi. 

O choro da manhã, conhecido como chuva, estragou o pequeno plano de programação, que seria ir a Bolonha. Que bom, não estava disposto a viajar 400 kilometros em um dia para conhecer outra cidade. Tivemos que buscar o que fazer, ao mesmo tempo em que nos esconder da chuva. A saída foi a 'Pinacoteca'.

A Pinacoteca di Brera foi minha primeira diversão em italiano. 'Pinacoteca di Brera'. Que coisa divertida de se falar. Assim como ciao. Dei muitas risadas com o ciao. Não tem como não rir. Rio no primeiro, por que se fala ciao para falar ‘oi’, e dou risada no segundo por que é igual o primeiro. A partir do ciao descobri que falo italiano flueenteméntee – leia-se com as quatro pontas dos dedos coladas uma nas outras, movimentando-se para frente e para trás, na altura do rosto. Tenho um sotaque especial para buongiorno, e dei uma gargalhada no metro lendo a previsão do tempo. Para oggi, domani e dopodomani!! 

Pinacoteca, vista de dentro
Mas falando da Pinacoteca, a visita foi mais interessante do que o esperado. Ela é o museu mais reconhecido de Milão, e uns dos maiores da Itália. No seu acervo se encontra pinturas renascentistas das Tartarugas Ninjas - ou de Rafael e Leonardo -, Picasso, Modigliani, entre outros. O destaque fica para o beijasso do homem sem face na donzela desconcertada, chamado de ‘Il Bacio’, e para o símbolo da luta do proletariado, ‘Il Quarto Stato’, de Giuseppe Pellizza da Volpedo. Sobre este, a discussão se acalorou. Pena que não sobre o tema do mesmo, mas pela selfie mal tirada com o iPhone... Contradições e hipocrisias do mundo. Seguimos.


Seguimos para a Duomo, aproveitando a pequena trégua da chuva. As ruas do bairro de Brera são encantadoras, assim como as vitrines de comida e de gelato. O gelato veio mesmo antes do almoço. Afinal, qual o motivo de deixar para depois o que você pode comer agora? Seguindo o turismo alimentício, o Panzerotti Luini realmente faz jus ao renome. Um tipo de pastel fofo frito delicioso. Como fiquei em dúvida, papei logo dois sabores. Ricota&Espinafre, Olivas&cebola&tomato. Tuti muto bonno.

Mas a chuva atrapalhou o resto do dia. Andamos meio a globalização de lojas do centro, se divertindo com os contrastes e semelhanças do mundo, que se misturam não importando o país. E alem de se misturar, assustam. Felizmente o expresso italiano ainda existe, e nele fomos nos refugiar. Um shot. Quente, forte, como um soco para acordar a mente e esquentar o peito. Delicioso.

Daí o dia acaba no hotel. Meu pai utilizando o computador, e eu lendo.

Por acaso, quem ocupa este espaço virtual de hoje é o filho do cara, o primogênito, dono de toda a herança deste velho autônomo que nada me deixará além de ditados e livros. Chamado no documento de Tiago, hoje habitando terras francesas e sendo chamado pelo codinome de sua cidade ou pelo charmoso&enigmático apelido de Capitão Gancho. Agradeço o espaço, um dia eu volto para dar o ar da jovialidade a este blog.

E sobre a indiada em Míílâno, amanhã ela continua.

terça-feira, 22 de setembro de 2015

Milão, 22 de setembro de 2015.

Tabela periódica gigante no estande da Rússia, na ExpoMilão.
Hoje o dia foi mais ou menos. Normalmente as viagens são vistas com muito glamour. Itália, Milão, restaurantes, museus, lugares lindos para conhecer, etc. Mas onde quer que estejamos, nós nos acompanhamos... e isto faz com que os momentos de baixa ocorram também nas viagens. Normalmente quando voltamos nos referimos pouco a eles, afinal, quem vai contar que passou a viagem brigando com a esposa ou que passou uma tarde quieto no quarto do hotel por absoluta falta de vontade de fazer qualquer outra coisa? O glamour não está só na cabeça de quem fica, está também no relato de quem volta. Por conhecer estas emoções, já aprendi a lidar com elas. Não se entregar, nem forçar a barra. Deixar rolar, encontrando distração em um livro, trabalho de computador ou postando para um blog.
Foro Mundial sobre Pesquisa e Inovação na
Produção de Alimentos
Com tudo isto na cabeça e no coração, resolvi voltar à ExpoMilão para participar de um evento no qual eu havia me inscrito sem muita convicção.  UmForo Mundial sobre Pesquisa e Inovação na Produção de Alimentos. Promovido pela Emília Romana, uma das regiões mais ricas aqui da Itália. O Foro era destes que se fala muito e se aproveita pouco. Bom, na real nem posso criticar, só consegui ficar uma hora. O suficiente para ouvir o representante brasileiro, um dos diretores da EMBRAPA, enaltecer a Revolução Verde no Brasil, inclusive citando o sucesso da produção de soja no cerrado. E se colocando à disposição para transferir tecnologia para os países que ainda não conseguem produzir o alimento que necessitam. Não o ouvi falar que o Brasil também precisa aprender, nem mencionar os efeitos colaterais gerados pelas tecnologias que ele enalteceu. 
Estande que reune empresas de produtos biológicos
Mas, como cada um vê o mundo do seu ponto de vista, que é sempre a vista a partir de um ponto, pode ser que ele esteja certo, e eu é que esteja pondo demasiado foco na destruição do Cerrado e da Amazônia, na desertificação de áreas antes produtivas, na contaminação das águas e dos alimentos, nos efeitos nocivos dos agrotóxicos na saúde humana. Quem sabe, pode até ser, certezas, estas é que não tenho mais.
Depois desta breve passada neste fórum, caminhei mais pela Expo, visitei os estandes de alguns países e achei o estande que reúne o povo do Biológico. Lá no fim da feira... junto com o Slow Food, o movimento nascido aqui na Itália, que se contrapõe ao fast food e que prega uma maior valorização do alimento e busca proteger suas qualidades biológicas e origens culturais. 
Horta no estande do Slow Food
O contraste entre as filas para entrar no estande da coca-cola e a pouca freqüência em estandes que vendem propostas tão procedentes daria uns parágrafos, mas vou poupar vocês desta ladainha. E viva a sociedade alternativa! 
Hoje dei uma laerçada daquelas... Do meu hotel até o evento que participei são uns quatro km caminhando, mais uns vinte minutos de metrô. Saí do evento, dei uma caminhada pelos estandes, almocei meu sorvete, e peguei meu caminho de volta para o hotel. Quando estava duas estações antes da que eu devia descer, me lembrei que não havia devolvido o aparelho de tradução do evento e, portanto, meu passaporte havia ficado na recepção do tal Foro... é mole? Tive que descer, pegar a linha contrária do metrô, andar tudo de novo, pegar meu passaporte e voltar. Pensa... 
Voltei ao hotel, fiquei fazendo minhas coisas e esperando pelo melhor do dia. A chegada do meu filho Tiago, que está morando por um ano em Grenoble, uns 400 km de Milão. Ele estava com muita vontade de ver o papai, e foi só eu falar que pagava tudo que ele veio correndo... nem ligo, bom demais, tá cada vez mais difícil ter os filhos por perto, vivem pelo mundo. Chegou e ficamos comendo e conversando no quarto. Deu por hoje, amanhã tem mais.

Achei interessante - produto per capita de café em alguns
países - os cinco maiores.

Maiores produtores de café do mundo

Milão, 21 de setembro de 2015.

A Praça e a Catedral
Hoje meu dia começou com a esperança, logo frustrada, de ver a Santa Ceia, de Da Vinci. Fui até a Igreja de Santa Maria das Graças, onde ela está pintada e confirmei o que imaginava. Ingresso só para novembro. Far cosa?, iriam os italianos. Fazer o que?, digo eu. 
Aí dentro esta a Santa Ceia.
Cada vez mais há menos espaço para este turismo easy rider. Claro, estou exagerando, sempre haverá espaço para viajar sem reservas e compras antecipadas, mas aí você vai a Milão e não vê Da Vinci, vai a Cuzco e não vê Machu Picchu, vai a Nova York sem show na Broadway. Possível é, mas pode ser meio frustrante. Hoje foi. 
Segui caminhando, como uma lista internética das dez coisas que não se deve deixar de ver em Milão. Vi algumas delas. 
Comecei pela Catedral de Milão (em italiano, Duomo di Milano). Impressionante. Enorme. Pedras, muitas pedras. Esculturas, vitrais, pinturas, mármore. Muito mármore. 
Por todos os lados uma profusão de imagens de santos, mártires, bispos, papas. Fico imaginando que uma vida não é suficiente para estudar e entender tudo que os artistas que a construíram tentaram representar em todos seus espaços. Bom, sua construção começou em 1386 e terminou em 1813... foram mais de 400 anos!
Aprendi aqui que ela tem 157 m de comprimento e 109 m de largura. A altura chega a 45 m, O estilo da catedral é único, o gótico flamejante. Adorei gótico flamejante. Não sei o que significa, mas sei que conheço pessoas que mereceriam esta alcunha, são góticos flamejantes!
Em frente à Catedral, uma enorme praça. Nela e nas calçadas adjacentes muito movimento, turistas, guias, vendedores, artistas de rua. Um destes artistas tocava Teremin. Conhecem? Se não, deem uma busca na net. É um instrumento musical russo, que se toca sem contato físico. 
Mãos se movimentam e a musica saí... incrível o Teremin!
Duas antenas emitem sinais e as mãos entre elas controlam a freqüência e o volume. O visual são mãos flanando e a musica saindo. Demais!
Seguindo minha lista passeei pela Galeria Vittorio Emanuele II, e pela rua do mesmo nome. Entre a galeria e a rua, fechada para carros, podem ser vistas todas as marcas conhecidas e cultuadas do mundo. Principalmente roupas, mas  também relógios, jóias, bolsas, sapatos e outros acessórios. Também muitos cafés, restaurantes e gelaterias. Ai, as gelaterias... Muita gente comprando. De todos os lugares do mundo. Muitos brasileiros também, português é um idioma que se ouve fácil caminhando na rua. Vi muitas caras diferentes vendendo bobagens pelas calçadas e praças. Economia informal deixou de ser privilégio dos africanos, mesmo que ainda sejam a maioria.
Dentro da Galeria Vittorio Emanuele II
Como tomei um belo café da manhã, resolvi não almoçar. Sentei em uma gelateria e pedi uma água e um sorvete. Água sem gás. Sorvete de três sabores, todos deliciosos. Pedi a conta. Seis euros. 3,20 a água, 2,80 o sorvete. Decidi que não tomo mais água na Itália, só sorvete.
Desisti de minha lista de lugares para ver e passei o fim da tarde na praça, sentado em frente à Duomo. Vendo gentes, ouvindo sons, pensando pensamentos. Fim de verão, temperatura agradável, entardecer longo, deu para ver, ouvir e pensar bastante. Conclusão dos pensares? Nenhuma, só que amanhã tem mais.

Entardecer na Praça. Neste momento um artista de rua
cantava Caruso. 
Chão da Galeria Vittorio Emanuele II
São Bartolomeu, o apóstolo que dizem
ter ido para Índia pregar o Evangelho.
Nesta escultura, dentro da Catedral, ele é
retratado  vestindo-se à maneira
de um indiano.


domingo, 20 de setembro de 2015

Milão, 19 e 20 de setembro de 2015.

ExpoMilão - gente, muita gente!
Cheguei ontem à Milão, no fim da tarde. Fiquei pelo hotel, apenas saindo para comer algo em um restaurante perto.
Hoje fui para a ExpoMilão (www.expo2015.org), onde participei de uma mesa redonda promovida por um programa de cooperação Brasil - Itália. 
Reunião com parceiros do projeto "Brasil próximo".
Éramos três brasileiros e vários italianos, discutindo por quais caminhos devem seguir este projeto de cooperação. Eu cumpri meu papel de sempre, vendendo a agricultura orgânica (chamada de biológica por aqui) e os sistemas participativos de garantia como componentes imprescindíveis em uma próxima etapa. Veremos.
Depois do trabalho, fui passear na Feira. É enorme. Gente, muita gente. Filas quilométricas para entrar em quase todos os estandes. A maioria deles é de países, mas existem alguns temáticos, como café e cacau, e também alguns de empresas, como Mac Donalds, Coca-Cola, New Holland ou Nuttella.
Aprendi aqui que estas exposições, chamadas de universais, ocorrem deste 1851 e circularam por vários países e continentes. 
A Árvore da Vida, no meio da ExpoMilão.
Um grande mapa onde estão plotadas todas exposições que ocorreram até hoje mostra que elas nunca ocorreram na América Latina ou na África. No início eram focadas em expor as novas invenções de cada país e o potencial de suas indústrias. Parece que já foram mais importantes do que são hoje. A Torre Eiffel, por exemplo, foi construída como o arco de entrada da Exposição de 1889, uma das seis sediadas por Paris.
Confesso que achei bem chata. Muito pouco atrativa. Caminhei muito (meu aplicativo me disse que foram dez km), fiquei em longas filas para visitar alguns países que não valeram a visita. Vi apenas um estande interessante. Foi o da Coop Itália. Coop é uma cooperativa de consumo. Começou há 150 anos com 5 pessoas e hoje é a maior rede de supermercados da Itália. Movimenta 13 bilhões de euros por ano.
Eles montaram aqui na ExpoMilão o supermercado do futuro. Focado em muita tecnologia, mas também em alguns conceitos. Um conceito chave é que o consumidor quer saber cada vez mais sobre o produto. Tanta informação que não cabe no rótulo. Assim, em uma prateleira do futuro, quando o consumidor tocar em um produto, uma linda tela sobre a prateleira irá mostrar estas informações. Origem, mapa com localização geográfica, certificações, tabela nutricional, pegada ambiental, sugestões de uso e muito mais. 
Visual do supermercado do futuro
Outro conceito é que os produtos ficarão agrupados por cadeia. Uva fica perto de vinho. Frutas perto de sucos. Customização é outro ponto chave. Modos tecnológicos de preparar sua bandeja de produtos, com pequenas quantidades de dois ou três tipos de peixes, carnes, frutas ou verduras. Você leva exatamente o que você quer, com boa parte do manuseio sendo feitos por robôs.
Me diverti muito com uma compra em realidade virtual, onde com o uso de um óculos você pode ver os produtos, ler tudo sobre eles e adicionar na tua cesta. Pode ser usado tanto de casa quanto no próprio mercado. Ao fim, te entregam ou os produtos estão esperando por você, é só pegar, pagar e levar. Sistema de pagamento apenas com cartão e sem um operador, o cliente faz tudo. 
Eu, em realidade virtual, comprando.
Produtos orgânicos, claro!
Fui muito sintético aqui contando sobre este supermercado do futuro. Só vendo mesmo para entender. Se querem ver um vídeo, achei este no youtube: www.youtube.com/watch?t=5&v=Vbkl_CRXRGE.
Sei que saí pensativo desta visita... será que de fato este o futuro? Cada vez mais tecnologia e informação por um lado, mas maior distanciamento entre quem consome e produz por outro? Mais processamento, comidas prontas e menos tempo na cozinha e sem o prazer de preparar o que comemos? Veremos. Sobre o futuro, só o futuro dirá. 
Amanhã estou de férias, vou passear por Milão.
Painel da Agricultura, um dos
lados do stand de Israel.

Impressora 3D de pasta... você
escolhe a forma que ela vai sair!

Comida do futuro? minhoca enlatada...

Drink no futuro? Vodka com escorpião (aliás, nada
diferente do mezcal, destilado mexicano!)