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sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Seul, 30 de setembro de 2011

Feira de Produtos Orgânicos - Coréia


Crianças trilhando arroz na Feira
O mais legal deste Congresso esta sendo a Feira, paralela às palestras e oficinas. Bonita, em uma ampla área aberta, com uma participação forte do povo local, produtores, senhoras e crianças de todas as idades, uniformizadas, acompanhadas de seus professores. Crianças trilhando arroz, visitando uma horta ou vendo pequenos animais. Sim, eles tiveram a capacidade de ter plantações em meio a feira, de sorgo, acelga, arroz e dezenas de outras plantas. Todas em ponto de colheita agora. Ou seja, se organizaram para plantar as diferentes culturas em diferentes épocas para que todas estivessem em ponto de colheita na semana do Congresso. Nunca tinha visto isto. 
Diferentes variedades de arroz, plantadas
para amadurecerem na semana do congresso
Do Congresso em si ouvi mais uma serie de palestras hoje. Não quero ser chato de contar aqui detalhes de conteúdos da área e que não interessam a todos. Como comentário geral, digo que acho nossos Congressos meio que conferencia de Bispos. Todos estamos convencidos das inúmeras vantagens da Agricultura Orgânica e retroalimentamos nossa Fé com depoimentos de convertidos. Mas falta mais momentos de autocrítica, de buscarmos entender porque não temos tido capacidade de falar para a sociedade como um todo, de maneira a sair da marginalidade estatística que nos encontramos. Não deixa de ser positivo aumentar nosso arsenal de informações, mas sem o contraditório, acho que enfraquecemos nossa capacidade de argumentação.
Jannet Villanueva, falando dos
SPGs no Peru
Um dos pontos bastante falados no seminário são os sistemas participativos de garantia. Como alguém que trabalha com este assunto desde quando ele ainda nem era um assunto, é muito gratificante ver o interesse que hoje ele desperta em vários cantos do mundo. Uma das sessões que ouvi hoje era sobre experiências de agricultura apoiada pela comunidade (CSA na sigla m inglês) que busca nos SPGs sua forma de gerar credibilidade da produção comercializada. Ouvi sobre as AMAPs na França, os TEKEI no Japão (www.joaa.net), experiências da Espanha (www.baserribziz.info), da Índia, do México (www.mercadosorganicos.org.mx) e do Canada. Muito legal, e quem se interessar pode dar uma olhada nestes sites. Considero estas experiências de CSA uma das coisas mais inovadoras no seio da Agricultura Orgânica dos últimos tempos. Apesar de serem desenvolvidas a partir da realidade mais urbana dos países do Norte, acho possível buscarmos formas de implementá-las nos países do Sul.
Bom, depois de tanto trabalhar fomos ao Gala Dinner. Com a roupa que usamos todo o dia e sem banho, o que tirou muito do que poderia ter de gala no jantar. A comida apenas razoável, não sei se por ser exclusivamente vegetariana, mas não me achei nos diferentes bolinhos e maneiras de preparar arroz ou nas verduras cozidas de forma muito própria. Ainda estou me devendo um bom restaurante...
Bolinho com alho assado dentro.
Ao fim, hoje não via absolutamente nada de Seul, vamos ver se amanhã escapo um pouco do Congresso. Não cheguei ainda na cidade grandiosa que eu espero e tanto ouvi falar. 

quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Seul, 29 de setembro de 2011

Visão geral do Congresso Mundial de Agricultura Orgânica - Seul

Como previsto meu dia hoje começou cedo – mais exatamente as quatro da manhã. Mas não reclamo, dormi das nove as quatro, uma boa primeira noite de adaptação ao jet-leg. Depois de trabalhar um pouco no computador e tomar meu café da manhã, às sete já estava indo para o Congresso.
Pouco o que contar sobre o Congresso. Acho que a parte que mais gosto é rever pessoas de todas as partes do mundo, com quem já tive mais ou menos contato em outros momentos de trabalho. Fora isto, ouvi uma palestra interessante de um norte-americano que pesquisou as pesquisas sobre agricultura orgânica ao redor do mundo, e nos contou alguns resultados comuns e algumas lacunas que ainda faltam preencher. Terminou afirmando que até metade do século, 30% da agricultura mundial será orgânica. Veremos.
Buda - Museu Nacional
da Coréia
Enquanto o Congresso prometia seguir com suas mesas de discussão e apresentações de trabalhos, eu e outros dois amigos brasileiros fomos ao Museu Nacional da Coréia, uns 45 minutos de metrô do Centro de Convenções onde estávamos. Muito legal e valeu muito ter ido, apesar da distância e de termos visto talvez menos de um quarto de tudo que havia para ser visto. Realmente enorme o Museu. Dar uma olhada, ainda que rápida, na história de uma civilização tão antiga é sempre muito enriquecedor. As diferentes representações de Buda, a milenar lavoura de arroz, a história da escrita, os trabalhos em porcelana são exemplos de coisas interessantes que vimos.
Buda - Museu Nacional
da Coréia
Me chamou a atenção a entrada do Museu ser gratuita. Como diria a música, "hoje em dia minha gente isto não é normal...". 
Uma pena a língua. Muito pouco na rua, e mesmo no Museu, em inglês, as pessoas quase não falam Inglês, e isto nos impede de entender um pouco mais o país, tirar dúvidas, perguntar o que é isto ou aquilo. Ficamos deduzindo coisas, mas aí o risco de errar é grande...
Para ter uma ideia de como é difícil a comunicação, um dos que estavam comigo queria comprar um ipad. Na volta do museu entramos em uma loja de departamentos e vimos um computador, estilo netbook, por 130 dólares. Ficamos impressionados de como era barato e nos perguntávamos se valia a pena, claro que vale, vamos comprar, perguntamos a vendedora, ela só dizia que sim... quando fomos pagar, vimos que este valor era de uma das dez prestações... me senti meio assim, burro, mas saímos da loja de mãos abanando...
Outro ponto sobre a comunicação é pedir comida... uma aventura... ainda não me achei muito, mas quando comer um bom prato prometo contar por aqui.
São nove, vou repetir a dose de ontem e dormir cedo, amanhã o dia promete ser longo, com mais palestras e reuniões pela frente.
Escrita original, em Coreano, de mais de 500 anos - caligrafia linda!

quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Seul, 28 de setembro de 2011

Visual da janela do meu quarto, arredores de Seul

Sempre fui um cara de visão, à frente do meu tempo. E para provar isto, estou agora doze horas na frente dos meus conterrâneos. Em Seul, ou mais exatamente em um hotel campestre, pretenso a Resort, nos arredores de Seul. Só não vale perguntar exatamente onde, porque meu Coreano ainda não está muito bom. Me confundo com a sopa de letrinhas deles.
Quando minha família esta acordando eu já vivi todo o dia que eles ainda vão viver! Um homem do futuro! Eu sei que isto do fuso-horário é só uma convenção, mas que é legal brincar de túnel do tempo, isto é. Daniel, meu filho de oito anos, me entende. Quando expliquei para ele aonde vinha e as doze horas de fuso, ele me respondeu com cara de quem está lendo um livro de Júlio Verne: “pai, então você vai viajar numa máquina do tempo!”
Cheguei ao hotel hoje à tarde, depois de um total de quatro horas de carro, vinte e quatro de avião e treze de aeroporto. Recheado com doze do tal fuso-horário. Moral, saí de casa meio dia de segunda, cheguei aqui no hotel as cinco da tarde de quarta-feira. Ainda não pude ver nada, penas um pouco da paisagem, bonita, montanhas altas cobertas de um verde intenso. Nos próximos dias vou dando mais detalhes, ainda que já tenha sacado qual vai ser o drama por aqui. Vim para o Congresso Mundial de Agricultura Orgânica, que é organizado por IFOAM a cada três anos. Estou neste hotel fora de Seul e sei que o congresso é a mais de uma hora de ônibus daqui. E o ônibus sai às sete da manhã e volta às oito da noite! Ou seja, vai ser uma ginástica conhecer alguma coisa da cidade e do país. Veremos.
Cama coreana - um edredom no chão
Antes de eu ir dormir, deixa eu contar é que para vocês não precisarem pagar o mesmo mico quando vierem para este lado de cá. Cheguei, fiz o check-in e, antes de entrar no quarto, encontrei uma Peruana amiga minha reclamando que no quarto dela não tinha cama. Fui para o meu, já meio injuriado porque o hotel é meio caído e encontro meu companheiro de quarto reclamando que estava desarrumado, inclusive sem cama. Desci muito macho, que eu sou, para tomar as devidas providencias. Perguntei à moça se ela tinha certeza quanto ao quarto, porque nem estava arrumado, não tinha nem cama. Ela, sorrindo um pouco mais da medida, mas ainda educadamente, me explicou que é cama coreana, que é só abrir o armário e pegar a cama (na real uma espécie de edredom). Aí eu falei: “ahhmmm, yes, I’m sorry, thanks!”. É isto aí, vou dormir numa “cama coreana” oito noites. Adoro conhecer novas culturas...
Era só isto, breves notícias da viagem que ainda nem começou a acontecer. Consegui ficar acordado até agora, quase nove, para tentar me acostumar mais rápido com o fuso. Estou morto, duas noites de avião é meio passado do ponto.